domingo, 15 de abril de 2012

Aula 3 - Umbanda e Suas Entidades - 09-02-2012




INSTITUTO CULTURAL OGUM DA ESTRELA GUIA
Rua São Miguel Arcanjo, nº 17 – C. H. Pedro Sancho Vilela.
Santa Rita do Sapucaí – MG
 Reunião de Estudo Mediúnico realizado em 09 de Fevereiro de 2012.

Desenvolvido por Márcia Terroso Avila
Licenciada e Bacharel em Geografia pela Fundação Universidade do Rio Grande - RS

Um momento de reflexão


Não duvidem. As horas difíceis soarão sempre e é necessário armar o coração para os grandes testemunhos.

Consolem-se na certeza de que não sofrem inutilmente. Tempo virá em que os homens compreenderão que a mediunidade não está circunscrita a determinados seres. Todas as criaturas são instrumentos do bem ou do mal, médiuns do plano superior ou inferior, no campo infinito da vida. Ninguém foge à corrente de inspiração com que sintoniza. E todos os que marcharam na vanguarda da verdade e da luz sofreram o assédio da mentira e da treva, não obstante a sua condição de instrumentos da Providência Divina para o aperfeiçoamento e felicidade do mundo.

Trabalhem e sofram, pois, amando a tarefa a que se consagraram, não só pelo resgate do passado, senão também pela sublime alegria de iluminação do presente. Lutem e esperem. Não somente vocês, mas todos os homens devotados ao trabalho construtivo e redentor do mundo, estejam na pobreza ou na prosperidade, nas artes ou nas ciências, nas letras dos livros ou nas leiras dos campos, são missionários da elevação da Terra, não a serviço das dominações efêmeras do planeta, mas em valiosa cooperação com aquele Rei coroado de espinhos

Entendendo uma Gira de Umbanda

Certamente a muitos é estranho entrar num terreiro e assistir uma gira, orar aos Orixás para que seus problemas sejam resolvidos. Mas como isto funciona?

A Umbanda desde que se iniciou, e isto já é um ponto a considerar, rapidamente se enquadrou dentro do contexto nacional brasileiro. É incrível a rapidez com que se propagou, e o interesse que tem causado a outras nações do mundo, sendo alvo de estudos, até de teses de pós-graduação em várias áreas, principalmente a psicologia onde tentam por vários meios explicar um fenômeno, que facilmente se conclui pertencer a outras esferas de atividades da vida.

Observando-se o contexto nacional, a impressão que temos é que a consciência coletiva chegou a um ponto que não pode mais ser contida. Compreendemos como consciência coletiva, o somatório de consciências voltadas para um mesmo fim com laços kármicos. Além do mais, a Umbanda é uma religião que reúne elementos culturais do nosso país, envolvendo diferentes raças e credos do mundo.

Pela rapidez com que se instalou em nossas vidas, pela simplicidade que lhe é própria, pelos ensinamentos que as entidades que se apresentam como trabalhadores de Umbanda trouxeram e trazem, não houve tempo ou talvez necessidade de uma codificação no plano físico. Seu mister é trabalho e caridade. As codificações, os credos, são fatos que se fazem às vezes desnecessários, às vezes necessários.

O objetivo deste estudo é mais do que estabelecer códigos. É compreender a verdadeira Missão da Umbanda e como as forças da natureza interagem para que esta missão seja alcançada.
O que cada trabalhador de Umbanda deve ter como bandeira? Que a Umbanda é uma religião voltada somente para o bem. Não fazemos trabalhos para isto ou aquilo. Que o culto é grátis e não pode atender a interesses particulares.

Alguns trabalhadores menos esclarecidos deturpam completamente o sentido das bases do bem, saem fora da caridade e do trabalho produtivo gratificante, e continuam a chamar suas sessões de Umbanda. Isto é que é errado! É isto que nós umbandistas devemos combater e esclarecer.

Ficarmos discutindo dogmas deste ou daquele Orixá nos leva a compreensão das forças da natureza sim, mas deve objetivar apenas isto e não a imposição de uma única Verdade.

A única verdade da Umbanda é a Caridade e o Amor, o resto são formas de culto que variarão de região para região, de terreiro para terreiro e devem ser respeitadas. Entretanto, charlatães, enganadores, espoliadores, falsos profetas, enfim, pessoas que usam o nome da Umbanda em benefício próprio tem que ser combatidos através do esclarecimento e divulgação da essência da Umbanda.

Dos pilares básicos compreendemos nas lições trazidas pelos trabalhadores espirituais, e aqui evocamos a figura humilde dos Pretos Velhos, que são os Mestres da humildade, o seguinte: cada um tem suas crenças, suas características, seus laços de família, de raça e de religião, e isto, deve ser respeitado. Respeitamos todas as religiões, desde que voltadas para o bem, e que respeitem os direitos humanos.

Portanto, a Umbanda não precisa ser pregada. Simplesmente se impõe no nosso contexto pelas verdades e características que as Entidades trouxeram e trazem e basta que olhemos e pensemos nas forças da natureza agindo, interagindo e atuando constantemente em nossas vidas.

Procuramos compreender não apenas os princípios básicos que nos mostram, mas as leis que regem a vida. E, portanto é necessário muitas vezes evocar algo mais profundo do que o concreto.

Entretanto, urge um posicionamento firme por parte dos umbandistas. A Umbanda é linda e está voltada exclusivamente para a Caridade. Não podemos nos envergonhar de sermos umbandistas.

Temos que assumir o nosso amor a Umbanda e elevar o seu nome através de exemplos próprios em nossas vidas, em nosso dia-a-dia. Não adianta ser umbandista apenas dentro do Terreiro. Temos que ser fora dele principalmente!

O trabalhador de Umbanda deve compreender que na gira de caridade (sessão), todos estão fazendo caridade; o guia, o médium, os dirigentes materiais e espirituais, o assistente, e, portanto todos têm sua paga (resgate) espiritual através da Lei do Karma (causa e efeito). Fazemos o bem, porque ultrapassamos a barreira do viver apenas por viver, admitimos com isso algumas leis da vida hiper-física (reinos superiores da natureza), e mais do que admitir, colocamos em prática tais leis.

No entanto, o viver nos ensina que nem todos os problemas podem ser resolvidos, mas podem ser compreendidos, e podemos receber amparo, por isso procuramos explicações que necessitam ser mais profundas. Mas sempre dentro do merecimento de cada um.

Reconhecemos uma hierarquia dos espíritos, reconhecemos que alguns problemas que se nos apresentam tem origem kármica e, portanto não podem ser resolvidos rapidamente, sendo exigido um tempo para sua expiação. E não adianta ficarmos batendo pé, exigindo dos Orixás, guias ou entidades solução imediata. Guia nenhum, enviado de Orixá nenhum se apresenta em terreiro nenhum para resolver nossos problemas materiais. Tudo tem seu tempo e sua hora dentro do merecimento de cada um. Devemos pedir resignação e força para enfrentar as nossas dificuldades e principalmente auxílio para sermos merecedores da graça que buscamos.

Compreendemos também, que temos amigos no além-túmulo, que se têm condições de ajudar, ajudam os quais denominamos guias, trabalhando por nós em outras esferas.

Devemos compreender que pretos velhos, caboclos, ou entidades que podem nos ajudar não habitam em nosso plano físico. Os pontos cantados, o defumador, as orações, o ambiente, enfim, visam oferecer condições para evocar tais entidades para perto de nós.

As falanges que atendem aos apelos de nossos chamados possuem reinos de vida, áreas de atuação, de modo que trazem energias e vibrações afins, assim ao chegarem ao nosso meio carregam o ambiente e trocam nossa energia terráquea (física) por energia proveniente de suas hostes (cósmica).

Reconhecemos os Orixás básicos, e que cada um tem sua esfera de atividades. Como embaixadores de Deus, como ministros de Deus, cada qual tem seu campo de ação, e para sermos mais eficientes devemos fazer o pedido ao Orixá certo. Se queremos que uma planta brote, cresça e floresça não podemos molhá-la com água salgada, mantê-la longe do sol ou em lugar sem ar. Assim é com os nossos pedidos.

Dentro dos pedidos que se fazem as falanges que são invocadas nas giras, um fator básico a que nos propomos, tanto trabalhadores físicos (médiuns) quanto trabalhadores espirituais, é a condução de entidades que por motivos vários obsedam pessoas ou ambientes em que vivem, procurando esclarecer, ou simplesmente afastar as intromissões malfazejas (destrutivas), sempre respeitando a Lei do Livre Arbítrio.

Também nos propomos a tentar dissolver miasmas ou fluídos negativos agregados aos corpos dos médiuns e assistentes (trabalho de expurgo – eliminar).

A gira também estabelece um vínculo maior entre o médium e o seu guia, ampliando assim cada vez mais o entrosamento, melhorando também a sua capacidade mediúnica de trabalho.

Por último, dentro do campo das possibilidades kármicas, esclarecer ou ajudar na solução de problemas pessoais através de mentalização clara e persistente, ou seja, é fundamental que se compreenda que um Templo Umbandista não é uma Tenda de Milagres, onde chegamos e todos os nossos problemas materiais serão resolvidos.

Um Templo Umbandista é o local para recarregarmos nossas baterias, renovamos a nossa fé em Zambi (Deus) e através da caridade pura evoluímos como seres humanos alcançando assim serenidade para enfrentarmos o nosso dia-a-dia.

Em resumo, as funções dos guias, mentores e protetores de Umbanda são de amparo, esclarecimento, orientação. A decisão e solução são nossas.

Compreendemos também que existe forte tendência do ser humano, de maneira geral, em quando submetidos a uma situação frustrante ou de fracasso, atribuir a causas externas a sua pessoa esse fracasso, e quando submetidos a situações prazerosas atribuir a si mesmo, as suas qualidades pessoais.

Assim as pessoas agem quando chegam aos terreiros de Umbanda. Se não têm os seus pedidos atendidos de pronto, é porque o dirigente não é bom, porque o terreiro é fraco, ou porque a Umbanda não é de nada. Nunca lhes passa pela cabeça que primeiro precisam merecer alcançar determinada graça, ou que seja um processo kármico evolutivo pelo qual estejam passando para seu próprio aprendizado. Não meus amigos, infelizmente isso não acontece, e sabem por quê? Porque muitos resolvem ser umbandistas por medo, ou para que sua vida material melhore.

A Umbanda evoluiu, esse tipo de papel não cabe mais nela. O estudo constante é fundamental. As entidades que militam na seara umbandista estão cada vez mais evoluídas e esclarecidas e tem importante papel dentro da espiritualidade. Cabe a nós médiuns, tentarmos estar a altura dela.

Lembramos ainda que o LIVRE ARBÍTRIO de cada um irá determinar a quantidade de influência das vibrações menores ou maiores de cada Orixá.

A busca por manter as vibrações dos Sete Orixás em equilíbrio deve ser uma constante em nossas vidas. Isto é um trabalho diário. É um constante Orai e Vigiai como já nos ensinou o Mestre dos Mestres. E para nós, umbandistas a Umbanda é o caminho, através da Caridade desinteressada e do Amor indiscriminado de obtermos esse equilíbrio.

As Entidades na Umbanda

Mensageiros divinos, ordenanças do Pai Maior. São nossos Guias e Orientadores. Companheiros astrais, que buscam nos guardar, proteger e intuir. Auxiliar-nos, para que, melhor possamos percorrer nossa própria jornada evolutiva. Quão bom seria, se conseguimos senti-los, ouvi-los e compreende-los, sem as negativas interferências de nossos próprios interesses mundanos.

Entidade é o nome dado a todos os espíritos que estão em uma faixa de vibração astral, boa para o trabalho na Umbanda. Conforme seu grau de evolução espiritual, esses espíritos são levados a fazer parte de uma falange (agrupamento de espíritos), a fim de atuarem, aprenderem e evoluírem espiritualmente. Lá eles permanecem até a possível volta para uma reencarnação ou a evolução para um plano espiritual superior.

Falange é um agrupamento de mais de 400 mil espíritos, que atuam em um determinado plano espiritual, ou seja, em uma determinada faixa de vibração.

Existem entidades de Alta, Regular e Baixa, faixa vibratória, e por isso elas se dividem em vários grupos: Falangeiros de Orixá, Caboclos, Pretos Velhos, Exus, Pomba-Giras, Ibeijadas e demais entidades que atuam de formas diversas. Cada falange recebe o nome de seu chefe e cada espírito dentro desta falange, atende por este mesmo nome.

Quando um médium trabalha com uma determinada entidade, ele não trabalha com um único espírito. O que ocorre é que todos os espíritos que constituem aquela determinada falange, têm uma única tônica de vibração com a qual penetram na faixa vibratória do médium, à razão de um por segundo, mantendo assim a sintonia durante todo o período que dura uma comunicação. Em outras palavras, os espíritos não trabalham isoladamente, mas em falange, todos numa única vibração.

Embora não seja muito comum, é possível acontecer que um mesmo espírito, embora seja uma só vibração, venha em diversas falanges, com diferentes nomes, conforme sua missão espiritual. Um espírito de certo grau de evolução pode se desdobrar na vibração, ou seja, aumentá-la ou diminuí-la, obviamente que dentro de um certo limite preestabelecido. Desta forma, essa entidade pode se apresentar ora numa faixa, ora em outra. Por exemplo: Se ela atua normalmente sob a linha do Oriente, pode num desdobramento de vibração, apresentar-se na forma de um caboclo, embora conserve também suas características essenciais.

Necessário também é compreender-se à diferença entre hierarquia terrena e evolução espiritual. Algumas pessoas pensam que a posição hierárquica de uma entidade corresponde à sua posição na vida física anterior. Isto não corresponde à verdade porque as falanges não se agrupam conforme as raças ou costumes da vida terrena, mas sim de acordo com o grau de evolução espiritual e afinidade vibratória.

Desta forma, um espírito pode se apresentar, por exemplo, como um caboclo, apenas para ter um melhor acesso a um médium e a seus consulentes.

Conhecendo um pouco cada entidade

Pretos-Velhos

Há os das mais diferentes idades, desde jovens até velhos. Nunca crianças. Há os feiticeiros-mandingueiros, os que apreciam unir casais, os brincalhões, os mais sérios, ligados à linha do Oriente, evangelizadores, curadores e os mais sábios, os da Linha das Almas (que curam e dominam Exus, muito poderosos), pretas-velhas joviais e benzedeiras, receitadores etc.

Jamais são desordeiros, sensuais, usam palavras grosseiras, violentos, agressivos. Todos, mesmo os mais jovens, demostram extremo equilíbrio, paciência e sabedoria. São os melhores conselheiros e ficam bastante tempo com os consulentes.

A humildade é a melhor virtude de um preto-velho. Nunca são altivos, apesar de alguns serem sérios e enérgicos. A energia é aquela do avô que sabe aconselhar, mas não xingar agredindo. Puxam conversa para que o consulente solte seu coração ou falam sem parar descrevendo, do início ao fim, a vida de quem os procura.

O arquétipo do ancião preto, nobre, poderoso, amoroso, humilde e sábio, ocultado por trás do jeito simples de falar, encantou e tornou imortal a figura carismática do Preto-Velho.

Os Pretos-Velhos, ou linha das almas, atuam na irradiação de Pai Obaluaiê, de quem captam as irradiações, tornando-se também irradiadores delas, estabilizando e transmutando a vida de quem os consulta. Preto-Velho, no ritual de Umbanda Sagrada, é um grau manifestador de um Mistério Divino. Nem todo preto-velho é preto ou velho. A forma como eles incorporam, curvados, expressa a qualidade telúrico-aquática de Pai Obaluaiê (Omulu). O peso que parecem carregar não é fruto do cansaço, da idade avançada ou velhice, mas á a ação da qualidade estabilizadora terra, desse Orixá, Essas entidades manifestam-se sob a aparência de negros escravos, trazendo-nos o exemplo de humildade e simplicidade da alma.

São espíritos elevadíssimos com vasto campo de atuação, encontrados nas Sete Linhas de Umbanda, pois trabalham a Evolução nos sete sentidos da vida dos seres. Trazem sempre palavras de fé, de esperança, de consolo e de perseverança, com sua sabedoria, paciência, paz e serenidade.

No arquétipo do amoroso Preto-Velho, esses espíritos estão sempre a nos ensinar que o perdão é sempre a melhor opção e que a caridade é o melhor caminho evolutivo. Eles não carregam mágoa, raiva ou ódio pelas humilhações, atrocidades e torturas que sofreram na carne.

São conselheiros pacientes, mostrando-nos a vida e seus caminhos. Com suas mirongas, banhos de ervas e outros elementos, exorcizam forças negativas, obsessesores e quiumbas, e, apoiados pelos Exus de Lei, desfazem trabalhos de magia negra.

Esse arquétipo é tão poderoso e forte que foi adotado por milhões de espíritos evoluidíssimos que se apresentam discretamente nos centros de Umbanda nessa linha de trabalho.

O Preto-Velho sábio, humilde e caridoso simboliza a sabedoria dos velhos benzedores, a humildade daqueles que extraíram suas forças das condições cruéis que lhes foram impostas em vida. Com sabedoria e simplicidade, ensinam as pessoas para que entendam e encarem seus problemas cotidianos e busquem as melhores soluções. Eles aliviam o fardo dos consulentes, fazendo com que se fortaleçam espiritualmente.

Caboclos

Caboclo, na Umbanda, é um mistério, uma linha de trabalho, uma falange, um grau. É o identificador de entidades que trabalham na vibração ligada a Oxóssi, o orixá das matas e do conhecimento.

Nas linhas de ação e trabalho dos caboclos são incorporados milhares de espíritos cujas religiões não eram a iorubá (maior grupo étnico da África Ocidental, Nigéria) nem a indígena brasileira. Mas todos têm uma forma de incorporação bem característica.

Na Umbanda, os caboclos têm uma função relevante, pois são eles que assumem a frente nas linhas de trabalho dos médiuns. Os caboclos são o elo de ligação do médium com os orixás. Nas linhas de caboclos estão ocultos sob formas plasmadas grandes sacerdotes desencarnados já há muitos séculos, muitos sábios, filósofos, professores e sacerdotes dos mais variados rituais.

O arquétipo (modelo) do caboclo índio brasileiro é bastante forte, e só espíritos com uma noção superior sobre as verdadeiras leis da vida poderiam ser enviados á Terra para, incorporados em seus médiuns, orientar os infelizes encarnados.

Os caboclos representam a simplicidade, a humildade, a coragem e a persistência. Os índios tinham elevadíssimas noções de conduta e moral e a mentira, a dissimulação e a falsidade não se desenvolveram entre eles. Pela moral, caráter, espiritualização, fraternidade, etc., a Umbanda tem no índio um dos graus mais elevados e o arquétipo para esta linha de ação e trabalho.

Os caboclos são o braço forte da Umbanda; representam a força e a energia dos trabalhos, agindo sempre com muita altivez, como desbravadores dos caminhos da espiritualidade e da fé. São espíritos que se apresentam fortes, vibrantes e trazem as forças da natureza e a sabedoria no uso das ervas. É na irradiação benéfica das matas que, espíritos são curados, doutrinados e encaminhados pelos caboclos.

Os caboclos também ensinam a termos coragem e a sermos guerreiros na vida, lutando pelo que é justo e bom para todos. Ajudam-nos a entrar na macaia (a mata que simboliza a vida), a cortar os cipós do caminho (vencer as dificuldades) e, se for preciso, caçar os bichos do mato (vencer as interferências espirituais negativas).

Há caboclos (as) na irradiação de todos os Orixás, mas a linha de trabalho dos nossos queridos Caboclos e Caboclas no ritual de Umbanda Sagrada é sustentada pelo mistério Orixá Oxossi. Os caboclos e caboclas são doutrinadores de nossa Fé, Amor, Conhecimento, Justiça, Lei, Evolução e Geração. São trabalhadores dos mistérios à direita dos Sagrados Orixás.

Sua linha é forte, pois são aguerridos, persistentes e movimentam essências dos Tronos de Deus. São espíritos que se consagraram aos mistérios dos Orixás e servem à sua direita, com um nome simbólico que identifica a falange na qual eles trabalham.

Em casos extremos onde a força é necessária, são os caboclos os desobsessores que conduzem o espírito perturbador para longe. Nos trabalhos de cura em todas as religiões (diz-se que o espírito do Dr. Bezerra de Menezes, vale-se dos caboclos como auxiliares), participam ativamente, indo aos reinos das matas, mares e rios em busca de recursos fluídicos para estes trabalhos.

Tudo conhecem, da feitiçaria à escolha das ervas, dominando os elementais dos quatro reinos da Natureza.

Crianças (Yori,Erês ou Ibejis)

As crianças que vêm aos trabalhos de Umbanda são espíritos antigos. Tomam essa forma por absoluta afinidade e preferência. Sempre foram descritos pelos videntes na forma de anjinhos ou cupidos pagãos, comungando nas atividades humanas rotineiras, cercando espíritos de índole feminina, as iabás africanas, santas católicas ou deusas pagãs. Onde houver beleza, necessidade de calma ou atividades ligadas à infância, apresentam-se para colaborar.

Essa é uma linha fechada em seus mistérios, regida por Pai Oxumarê, orixá da renovação da vida nas dimensões naturais, o pai das cores e do arco-íris, amparada pela linha do amor. Nessa linha atuam espíritos infantis, mas que têm muito poder. São excelentes conselheiros, orientadores e curadores e não gostam de fazer desobsessões, nem de desmanchar demanda.

O arquétipo para essa linha não foi fornecido pelo lado material da vida, mas pelos seres encantados da natureza, crianças encantadas, portadoras naturais dos mistérios regidos pelos orixás. Esse arquétipo fundamentou-se na inocência, na franqueza, na alegria e na ingenuidade dos seres encantados infantis.

O Orixá das Crianças ou Erês é um Guardião de um Ponto de Força do Reino Elementar e atua sobre toda a humanidade, sem distinção de credo religioso. Pai Oxalá, Mãe Yemanjá, Mamãe Oxum e outros fornecem espíritos na forma de crianças, para atuação na linha de força dos elementos: ar, fogo, água, terra etc. Essas crianças têm as características do elemento em que atuam, sendo caladas se são da terra, facilmente irritáveis se são do fogo, alegres e expansivas sob a influência do ar, carinhosas e melodiosas no falar, se são da linha de Oxum ou Yemanjá, e assim por diante.

Um ser elemental puro e não tem os defeitos característicos dos humanos, mas possuem uma grande força ativa que pode ser colocada a serviço da humanidade, pois muitas dessas entidades são bastante antigas e com muito mais poder do que imaginamos. São conselheiros e curadores, daquilo que pode ser tratado com seu elemento ativo e trabalham com irradiações muito fortes e puras na sua origem. No decorrer das consultas, alertam os consulentes sobre seus erros e falhas humanas e, com seus elementos, vão trabalhando o consulente, modificando suas vibrações, equilibrando e alinhando seus chacras. Nas curas espirituais, fortalecem o emocional, limpam e descarregam, aliviam os subconscientes quanto aos problemas cotidianos dos médiuns e os descontraem, pois atuam na própria psique. Trabalham brincando e brincam trabalhando, com seus carrinhos, bonecas, apitos e outros brinquedos.

Muitas crianças (ibejis, beijada, erês ou cosminhos) ainda estão mais ligadas ao plano dos encantados da natureza do que ao plano natural humano, pois muitos nunca encarnaram ou o fizeram uma única vez.

Quando incorporadas em seus médiuns, preferem as consultas durante as quais vão trabalhando o consulente com seu elemento de ação, modificando e equilibrando sua vibração e regenerando os pontos de entrada de energia nos seus corpos materiais.

Baianos

São espíritos alegres, brincalhões, descontraídos. São muito conselheiros, orientadores, aguerridos e chegados à macumba (é uma espécie de árvore africana e também um instrumento musical utilizado em cerimônias de religiões afro-brasileiras e dança ritual), durante a qual trabalham, enquanto giram com seus passos próprios.

O arquétipo adotado para a linha de ação e trabalho dos baianos da Umbanda é o culto aos antepassados ou a Egungun, aos tradicionais pais e mães de santo da Bahia, embora manifestem-se pais e mães de santo de todos os recantos do país.

A Linha dos Baianos é a dos heróis anônimos que sustentaram o culto aos Orixás e os semearam primeiro em solo baiano, e posteriormente no resto do Brasil e, com a Umbanda organizada, os levarão ao mundo.

A gira dos baianos é sempre muito animada e essas entidades têm sempre respostas certeiras e rápidas para as nossas questões, para sabermos lidar com as adversidades diárias, com alegria e descontração.

Os baianos e baianas apreciam as festas, com suas comidas e bebidas típicas. São chegados à dança ritual, durante a qual trabalham, enquanto giram com seus passos e danças próprios.

Boiadeiros

Os boiadeiros são espíritos hiperativos, valorosos, descontraídos, diretos, mas de poucas palavras e sisudos, que atuam como refreadores do baixo astral. São aguerridos, demandadores e rigorosos com os espíritos trevosos. São os peões boiadeiros habilidosos, valentes e de muita força física. Chegam bradando ê, boi! Ou Jetuá!

Seus campos de ação são os caminhos (Ogum) e o tempo ou as campinas (Oiá). O laço e o chicote são suas armas espirituais, mistérios usados como refreadores dos investidas das hostes sombrias de espíritos do baixo astral. Com seus laços, os boiadeiros criam verdadeiras espirais, laçando eguns e quiumbas paralisados em seus negativos e perturbadores dos encarnados.

Esses espíritos sofreram preconceitos como os sem raça, sem definição de sua origem. Representam a própria miscigenação de um povo, a coragem, a liberdade, a determinação e o convívio harmonioso com os animais e com a natureza.

Seu arquétipo é a figura do mítico peão, do tocador de gado. Usam seus conhecimentos ocultos, para auxiliarem as pessoas nos momentos mais difíceis de suas travessias pela evolução na matéria.

O arquétipo é forte, impositivo, vigoroso, valente e destemido. São espíritos que em suas últimas encarnações, praticamente viveram sobre o lombo dos cavalos. Eram vaqueiros, domadores de cavalos, soldados de cavalaria etc.

A linha dos Boiadeiros é sustentada em um dos seus mistérios por Ogum, e a alusão aos cavalos, ao tocar da boiada, ao laçar e trazer de volta o boi desgarrado do rebanho, o atolado na lama, o arrastado pelos temporais, o que se embrenhou nas matas e se perdeu, o que foi atravessar o rio e foi arrastado pela correnteza etc., tudo tem a ver com o trabalho realizado por esses destemidos espíritos.

Essa é uma linha transitória criada por Ogum e por outros Orixás, para a evolução de muitos Exus. Muitos dos espíritos que hoje se manifestam como caboclos boiadeiros já trabalharam sob a irradiação do mistério Exu, que é mais um dos graus evolutivos da Umbanda, mas outros nunca foram Exus.

Como Exus, trabalharam e conquistaram o grau de boiadeiros. Como boiadeiros, conduzem de volta às pastagens tranquilas e seguras os bois desgarrados e desviados da Lei Maior, do processo evolutivo humano.

Os boiadeiros são combativos, cortadores de magias negras e conhecedores de remédios, unguentos, pastas de ervas, plantas, curas, mirongas, feitiços e magias. São excelentes para a limpeza e descarrego dos terreiros, afastando obsessores, estabilizando o ambiente e as energias, dando ordens, com seus brados, para os espíritos se retirarem, mantendo a disciplina no terreiro.

Linha do Oriente

A Linha do Oriente, ou dos Mestres do Oriente, é parte da herança da Umbanda, com elementos de um passado comum, berço de todas as magias e alicerce básico das religiões. Entre todos os povos do oriente, desde a mais remota antiguidade, há uma sólida e autêntica tradição esotérica, dita a sabedoria oculta dos patriarcas, os mistérios religiosos dos povos antigos, que só tem chegado até nós em pequenos fragmentos.

A Linha do Oriente abrigou as diversas entidades que não se encaixavam nas matrizes indígena, portuguesa e africana, formadoras do povo brasileiro. Essas entidades preservam conhecimentos milenares; são sábios que ajudam seus irmãos encarnados, independentemente de sua origem religiosa; são espíritos que não encarnam mais, mas que querem auxiliar os encarnados e desencarnados, em sua evolução rumo ao Divino, pois quem aprende tem que usar o que aprendeu.

Os mais altos conhecimentos esotéricos da antiguidade são conhecidos, no plano astral, pelas entidades que se manifestam nessa Linha. São conhecimentos magísticos (ativação de processos mágicos) e espiritualistas desaparecidos no plano material e preservados no astral, mantidos com essas entidades, cada qual com o que era sabido na religião de seu povo.

A Linha do Oriente tem enviado uma quantidade imensa de espíritos para a Corrente Astral de Umbanda. São entidades que vêm com a missão de humanizar corações endurecidos e fecundar a fé, os valores espirituais, morais e éticos no mental humano.

Diversos templos umbandistas não têm por hábito trabalhar com essa linha, talvez por desconhecerem os benefícios que os povos ligados às suas diversas falanges podem nos proporcionar. Se as evocarmos, com certeza seus guias nos darão a cobertura e as orientações necessárias e os consulentes poderão usufruir de seus magníficos trabalhos, principalmente relacionados à cura, campo em que gostam de atuar.

A Linha do Oriente é regida por Pai Oxalá, irradiador da fé para a dimensão humana, e por Pai Xangô, fogo e calor divino, com entidades atuando nas irradiações dos diversos orixás. Tem como patrono um espírito conhecido, em sua última encarnação, como João Batista, irradiador de muita luz, sincretizado com Xangô do Oriente e conhecido como Kaô. Era primo-irmão de Jesus Cristo e o batizou nas águas do Rio Jordão e tem o comando dos povos do oriente, onde se manifestam espíritos de profetas, apóstolos, iniciados, cabalistas (pessoa que faz ou participa da cabala,ou seja, executa procedimentos de caráter mágico ou esotérico), anacoretas (religioso que vive na solidião), ascetas (pessoa que se entrega a exercícios de piedade), pastores, santos, instrutores e peregrinos.

A Linha do Oriente, apesar de não ser oriente no sentido geográfico, popularizou-se e teve seus momentos gloriosos no Brasil nas décadas de 50 e 60, ocasião em que as tradições orientais budistas e hinduístas se firmaram, entre os brasileiros praticantes de modalidades ligadas ao orientalismo. Espíritos falando nomes desconhecidos por nossa gente, que tiveram encarnações como indianos, tibetanos, chineses, egípcios, árabes, celtas e outros, incorporavam nos terreiros do Brasil, ao lado das linhas de ação e trabalho dos caboclos e pretos-velhos, sem esquecermos os espíritos ciganos.

A Linha do Oriente ou Linha dos Mestres do Oriente ainda está atuante e beneficiando aqueles que a invocam e a oferendam. A saudação para essa linha é “Salve o Povo do Oriente!”. Alguns usam saudar como “Kaô!” (João Batista) e também “Salve o Povo da Cura!”

Ciganos

Já comentamos que a corrente astral de Umbanda é aberta a todos os espíritos que queiram praticar a caridade, independentemente de suas origens terrenas e de suas encarnações. Houve época em que dirigentes umbandistas não aceitavam ciganos em seus trabalhos, mas a Umbanda acolhe em suas linhas de trabalho todos os filhos de Deus que queiram praticar a caridade.

Tamanha foi a simpatia do povo umbandista pelas entidades ciganas e grande foi a seriedade do seu trabalho, orientando com sabedoria, ensinando a beleza da criação e a alegria de viver, que foi criada uma Linha de ação específica para eles, com sua própria hierarquia, magia e ensinamentos.

Uma característica marcante do povo cigano é a liberdade, em relação às nacionalidades, aos padrões sociais e aos preconceitos que escravizam. Os ciganos são poeticamente denominados “Filhos do Vento”, por sua liberdade, fluida mobilidade e errância, sempre ao sabor do vento, percorrendo os quatro cantos do mundo em sua mágica trajetória. Profundos conhecedores dos caminhos, em sua saga milenar vêm recolhendo conhecimentos iniciáticos de todas as culturas e tradições.

Outra característica marcante é o seu conhecimento magístico e curandeiro, principalmente nos campos da saúde e do amor. É lendária a vidência de seus magos e sacerdotisas, que utilizam o elemento espelho, para refletir o Tempo, a memória ancestral, os conhecimentos, a arte da cura e dom da vidência. Por meio das cartas ou outros suportes materiais como bolas de cristal, estralas do mar e simples copos de água, o futuro, o presente e o passado desdobram-se no vórtex temporal (um escoamento giratório onde as linhas de corrente apresentam um padrão circular ou espiral. São movimentos espirais ao redor de um centro de rotação) de suas visões.

Regidos pelo Tempo (Oiá) e pelo espaço (Oxalá), o povo cigano se move livremente tanto no espaço como no tempo.

Os primeiros ciganos acolhidos no Brasil no século XVI, enviados de Portugal como degredados, em 1574, para aqui trabalharem como ferreiros e ferramenteiros. Só vieram como autônomos a partir do século XIX, acompanhando o séquito de D. João VI.

Na Umbanda, a presença de ciganos tem sido cada vez mais constante e, em muitos terreiros, eles próprios já pedem para que seus médiuns trabalhem com a roupa branca e tenham apenas os seus elementos magísticos, como lenços, baralhos, espelhos, adagas, anéis e outros. Nas suas festas, podem ser utilizados os violinos, a cítara, a viola, os pandeiros e outros instrumentos característicos. A saudação a eles é:Salve os Ciganos!

Na Linha dos Ciganos encontramos espíritos que tiveram encarnações como ciganos e também espíritos que foram atraídos para essa linha por afinidade com a magia cigana. Por isso, os ciganos na Umbanda não têm obrigatoriamente que falar espanhol ou romanês, ler cartas ou fazer adivinhações. Há os espíritos ciganos que fazem isso porque já o faziam quando encarnados e outros não.

O povo cigano tem suas cerimônias próprias e tem seus rituais coletivos adaptados à Umbanda e suas sessões são muito apreciadas e muito concorridas, pois seus trabalhos estão voltados para as necessidades mais terrenas dos consulentes.

É uma linha espiritual em franca expansão e temos até linhas de esquerda ciganas, tais como a do Senhor Exu Cigano e da Senhora Pomba-Gira Cigana, muito procurados pelos consulentes quando se manifestam nas sessões de trabalhos espirituais.

É uma linha espiritual especial, cujas entidades trabalham na irradiação dos diversos orixás, mas louvam sua padroeira, Santa Sara Kali-yê. Seus trabalhos também podem ser sustentados por Pai Ogum – orixá do ar, ordenador dos caminhos – e por mãe Egunitá – o fogo purificador – pois os ciganos sempre estão ao redor de suas fogueiras.

Na Umbanda, atuam como guias espirituais, de maneira extremamente respeitosa e sempre procuram mostrar o caráter fraterno do povo cigano, seu respeito com o alimento e a capacidade de repartir o pão. Aceitam o ritual umbandista, como meio evolucionista, e retribuem com suas ricas orientações e com a alegria de seus cantos e de suas danças.

Marinheiros

Ser marinheiro de Umbanda significa ser eterno amante do mar e de seus mistérios, significa auxiliar pessoas e espíritos necessitados com os recursos do mar, dos mistérios das águas.

Os marinheiros são milhares de espíritos que em suas últimas encarnações viveram do mar, pelo mar e para o mar, dentro de embarcações. Alguns navegaram, outros submergiram nas águas profundas, outros foram arrastados pelas ondas para dentro dele e outros foram levados para outros lugares pelas correntes marítimas.

Esses espíritos, quando encarnados, foram capitães do mar, comandantes de navios, soldados da marinha, bucaneiros, piratas, pescadores, navegantes e todos os eternos amantes do mar e dos seus mistérios. Os marinheiros, no lado espiritual, vivem submersos no fundo do mar, a realidade aquática da vida, que é a região do povo d’água, os seres aquáticos elementais da água. Nessa dimensão aquática, a água os deixa firmes, ao contrário do que acontece quando incorporados.

Na matéria, cambaleiam de forma ondulada, balanceando, ao liberar o poder de seu mistério por meio de ondas magnéticas no campo espiritual do médium e do templo.

Seus magnetismos absorvem muito do álcool do corpo do médium e, para não paralisar nenhuma das funções de se médium e dar fluidez e volatilidade às suas vibrações de espíritos, expandindo seus campos magnéticos, estabilizando e equilibrando a incorporação, utilizam a energia do rum ou da cachaça para executar as funções que lhes cabem.

Incorporados em seus médiuns, os marinheiros se movimentam e dançam como se estivessem se equilibrando sobre o tombadilho de um barco ou de um navio em alto mar, mas o que realmente acontece é que eles se manifestam sob a irradiação de Mãe Yemanjá, cujo magnetismo faz com que eles tenham os movimentos das ondas do mar.

Podem ser regidos também por outras mães d’água, como Nanã, Oxum e até mesmo Obá, formando uma linha de “povos da água”. Seus magnetismos aquáticos dão a impressão de que o solo está se movendo sob seus pés e por isso eles imitam os marujos nos tombadilhos dos navios.

Esses espíritos são extrovertidos, alegres e cordiais, colocando os consulentes à vontade. São magos nos mistérios aquáticos e trazem-nos a possibilidade de libertação dos nossos entraves.

A forte vibração da energia aquática dilui cargas trevosas, purifica pessoas e ambientes e atua no trabalho de cura. Mãe Yemanjá é a senhora do lado de cima da Grande Calunga, o mar, e Omolu é o senhor do lado de baixo da Pequena Calunga, a terra, e sustentador do eterno vai-e-vem das águas.

Malandros

As entidades que hoje se manifestam nessa “nova” linha de ação e trabalho umbandista, antes chegavam nas giras nas linhas dos Baianos ou dos Exus. Aos poucos, foram sendo aceitos, respeitados e procurados, ganhando linha própria, comandados por Seu Zé Pelintra.

Originaram-se no Catimbó nordestino, com identidade na pajelança xamânica dos índios brasileiros e no catolicismo, na chamada Linha dos Mestres e do culto à Jurema sagrada, bem antes da Umbanda.

São o resultado da grande miscigenação cultural e racial brasileira e retratam as populações marginalizadas, desfavorecidas, pobres e sofredoras das periferias do país, tanto rurais quanto urbanas.

O Catimbó se desenvolveu paralelamente à Umbanda, mas ambos se encontraram nos grandes centros urbanos. O termo “Mestre”, usado no Catimbó, vem da feitiçaria européia, principalmente a portuguesa, da qual adotou várias práticas, inclusive o uso do caldeirão e rituais de magia.

É fundamental no Catimbó o uso de ervas e raízes, a fidelidade aos dogmas do catolicismo, aos santos, ao terço, à água benta e à reza. O trabalho e a força estão na fumaça e nas ervas. O fumo é especialmente preparado e a magia do trabalho vai pelo ar, no tempo, junto com a fumaça e a bebida.

As entidades que se manifestam na Linha dos Malandros são um agrupamento de espíritos que viveram suas reencarnações na pobreza e no sofrimento, mas souberam tirar da dor o humor e o jogo de cintura para driblar a miséria e o baixo astral. Por onde passam levam alegria e arrancam sorrisos e gargalhadas, com seu samba no pé, sua ginga e malandragem.

Os malandros do astral não são marginais do além, como muitos supõem. São espíritos amigos, voltados para a prática da caridade espiritual e material. Propagam o respeito ao ser humano, a tolerância religiosa, a humildade, os bons exemplos, o amor ao próximo, o amparo às crianças desamparadas e aos idosos. Combatem as trevas e desmancham feitiços e magias negras.

Em locais de extrema pobreza e ausência de assistência pública e de justiça humana, os malandros estão presentes com sua misericórdia, buscando aliviar o sofrimento e socorrer os necessitados, enxugando as lágrimas dos que sofrem.

Manifestam-se na Linha dos Malandros muitos “Zés”: Zé Pelintra, Zé da Virada, Zé Navalha, Zé Malandrinho, Zé da Faca e outros, como Chico Pelintra, Cibamba, Seu Malandro. São “mandingueiros” do bem e apresentam grande senso de humor em suas manifestações. São entidades da rua, encontrados em bares, festas, subidas de morros etc.

Zé Pelintra é uma entidade urbana, que pode até nada ter a ver com a origem dos mestres, mas é chamado de mestre catimbozeiro, doutor, curador, conselheiro, defensor das mulheres, das crianças e dos pobres, guerreiro da igualdade social, médico dos pobres, advogado dos injustiçados, dono da noite e rei da magia. Tem grande importância nos catimbós e nas macumbas cariocas e é o protetor dos comerciantes, principalmente de bares, lanchonetes, restaurantes e boates.

A saudação para essa linha é: Salve os Malandros! Salve a Malandragem!

Suas cores são o vermelho e o branco ou o preto e o branco. A regência dos malandros é de Pai Ogum e, pelas cores, Pai Omolu.

Exus

Falar a respeito dos Exus é algo muito complicado e delicado, porque sua força de atuação é maior e mais variada do que imaginamos.

Exu, no ritual de Umbanda, é a força ativa por excelência. E como Guardião nas Trevas, tem uma função definida pela Lei Maior, que não pode ser questionado, no máximo explicado.

Os Exus, enquanto Linha de Esquerda na Umbanda incorporam em seus médiuns e dão consultas gratuitas, aconselhando, orientando, defendendo, ajudando a superar suas dificuldades materiais ou espirituais, familiares, profissionais etc., mas, sempre a partir de sua visão cósmica das situações, de seu senso e de seu entendimento pessoal de como deve proceder para atender a quem o solicitou. Os Exus que incorporam estão aprendendo a usar os instrumentos colocados à sua disposição e vão se aperfeiçoando e acelerando sua evolução. Eles tomam a defesa de seus médiuns quando algo ou alguém os está prejudicando.

No aspecto geral, Exu rege sobre a vitalidade dos seres e, no particular, sobre o vigor sexual. Ele é portador de um poderoso mistério, ligado à sexualidade masculina. Mas, se Exu transpira vigor por todos os seus sentidos, não vibra o fator estímulo, iniciativa, expressando apenas os desejos alheios, seja de seus médiuns, seja dos que o evocam ou oferendam. Por não vibrar esse fator, não toma iniciativas próprias e polariza com pomba-gira, que emana o fator desejo, o qual, se juntando com o fator vitalidade, estimula os seres a tomar suas próprias iniciativas. Exu e Pomba-gira são indispensáveis um para o outro.

Exu é o mais humano dos mistérios de Umbanda, porque reflete em si a natureza emotiva do seu médium, no qual ele se manifesta e incorpora.

Embora aparentemente seja punidor, na verdade ele atua como agente esgotador de negativismos ou criador de estímulos que ativam o emocional humano, induzindo o ser a mover-se em busca do "alto". É regido pelo mistério "Trono Neutro", que não é bom nem mau, e responde segundo é invocado. Através do seu fator vitalizador, ele tanto vitaliza como desvitaliza os mistérios dos orixás: amor, conhecimento, religiosidade, geração, equilíbrio, ordem e evolução.

Um Exu não combate um mentor de luz. Ambos atuam sob a mesma lei.

Pomba giras

O mistério Pomba-gira é regido por uma divindade cósmica feminina que tanto gera quanto irradia o desejo, atuando como elemento mágico e agente kármico, nos limites estabelecidos pela Lei Maior, à disposição dos Orixás. Como elemento religioso, ela atua como esgotadora de carmas individuais e como ativadora ou estimuladora das pessoas. Como elemento mágico, só é ativada ou desativada se devidamente paga, com oferendas rituais simbólicas.

Enquanto Linha de Esquerda na Umbanda, incorpora em suas médiuns e/ou médiuns e dá consultas gratuitas, aconselhando, orientando, defendendo, ajudando a superar as dificuldades materiais ou espirituais, familiares, profissionais etc., mas, sempre a partir de sua visão cósmica das situações, de seu senso e de seu entendimento pessoal de como deve proceder para atender a quem a solicitou. Elas tomam a defesa de seus médiuns quando algo ou alguém os está prejudicando.

Ela é portadora de um poderoso mistério, ligado à sexualidade feminina. Mas, se Pomba-gira transpira desejo por todos os seus sentidos, não vibra o fator vitalidade, vigor, e os desejos não se concretizam. Por não vibrar esse fator, polariza com Exu, que emana o fator vitalidade, o qual, se juntando com o fator desejo, cria as condições para que as coisas aconteçam. Exu e Pomba-gira são indispensáveis um para o outro. As Pombas-giras atuam como agentes esgotadores de negativismos ou criadores de vontades que atuam no emocional humano, induzindo o ser a mover-se em busca do "alto". São regidas pelo mistério "Trono Neutro", que não é bom nem mau, e responde segundo é invocado. Através do seu fator vontade, elas tanto estimulam como desestimulam os mistérios dos orixás: amor, conhecimento, religiosidade, geração, equilíbrio, ordem e evolução.

 Que Deus ilumine a todos os irmãos. Mantenham-se sempre na fé.

Avaliação dos estudos: Responda as Perguntas a Seguir e Entregue ao Orientador


1.     O que cada trabalhador de Umbanda deve ter como bandeira?
2.     Explique porque a Umbanda não precisa ser pregada.
3.     Na gira (sessão) porque o trabalhador de Umbanda deve compreender que todos estão fazendo caridade?
4.     É obrigação dos Guias/Entidades resolver nossos problemas materiais? Justifique sua resposta.
5.     Quais são as funções dos guias, mentores e protetores de Umbanda?
6.     Explique as características:
a)     dos Pretos-velhos:
b)    dos Caboclos:
c)     das Crianças:
d)    dos Exus:
e)     dos Malandros:
7.     Explique a Linha do Oriente.




Referência Bibliográfica

·         SARACENI, Rubens. Umbanda Sagrada: Religião, ciência, magia e mistérios.São Paulo: Madras, 2006.
·         A entidades na Umbanda. Disponível em: www.aumpram.org.br Acesso em 31/jan./2012.
·         Conhecendo um pouco as entidades no ritual Umbanda. Disponível em: www.seteluzesdivinas.org Acesso em 31/jan./2012.

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