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INSTITUTO CULTURAL
OGUM DA ESTRELA GUIA
Rua São Miguel
Arcanjo, nº 17 – C. H. Pedro Sancho Vilela.
Santa Rita do
Sapucaí – MG
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Reunião de Estudo Mediúnico
realizado em 09 de Fevereiro de 2012.
Desenvolvido por Márcia Terroso Avila
Licenciada e Bacharel em Geografia pela Fundação Universidade do Rio Grande - RS
Um
momento de reflexão
Não duvidem. As horas difíceis soarão sempre e é necessário armar o
coração para os grandes testemunhos.
Consolem-se na certeza de que não sofrem inutilmente. Tempo virá em que
os homens compreenderão que a mediunidade não está circunscrita a determinados
seres. Todas as criaturas são instrumentos do bem ou do mal, médiuns do plano
superior ou inferior, no campo infinito da vida. Ninguém foge à corrente de
inspiração com que sintoniza. E todos os que marcharam na vanguarda da verdade
e da luz sofreram o assédio da mentira e da treva, não obstante a sua condição
de instrumentos da Providência Divina para o aperfeiçoamento e felicidade do
mundo.
Trabalhem e sofram, pois, amando a tarefa a que se consagraram, não só
pelo resgate do passado, senão também pela sublime alegria de iluminação do
presente. Lutem e esperem. Não somente vocês, mas todos os homens devotados ao
trabalho construtivo e redentor do mundo, estejam na pobreza ou na
prosperidade, nas artes ou nas ciências, nas letras dos livros ou nas leiras
dos campos, são missionários da elevação da Terra, não a serviço das dominações
efêmeras do planeta, mas em valiosa cooperação com aquele Rei coroado de
espinhos
Entendendo
uma Gira de Umbanda
Certamente
a muitos é estranho entrar num terreiro e assistir uma gira, orar aos Orixás
para que seus problemas sejam resolvidos. Mas como isto funciona?
A
Umbanda desde que se iniciou, e isto já é um ponto a considerar, rapidamente se
enquadrou dentro do contexto nacional brasileiro. É incrível a rapidez com que
se propagou, e o interesse que tem causado a outras nações do mundo, sendo alvo
de estudos, até de teses de pós-graduação em várias áreas, principalmente a
psicologia onde tentam por vários meios explicar um fenômeno, que facilmente se
conclui pertencer a outras esferas de atividades da vida.
Observando-se
o contexto nacional, a impressão que temos é que a consciência coletiva chegou
a um ponto que não pode mais ser contida. Compreendemos como consciência
coletiva, o somatório de consciências voltadas para um mesmo fim com laços
kármicos. Além do mais, a Umbanda é uma religião que reúne elementos culturais
do nosso país, envolvendo diferentes raças e credos do mundo.
Pela
rapidez com que se instalou em nossas vidas, pela simplicidade que lhe é
própria, pelos ensinamentos que as entidades que se apresentam como
trabalhadores de Umbanda trouxeram e trazem, não houve tempo ou talvez
necessidade de uma codificação no plano físico. Seu mister é trabalho e
caridade. As codificações, os credos, são fatos que se fazem às vezes
desnecessários, às vezes necessários.
O
objetivo deste estudo é mais do que estabelecer códigos. É compreender a
verdadeira Missão da Umbanda e como as forças da natureza interagem para que
esta missão seja alcançada.
O
que cada trabalhador de Umbanda deve ter como bandeira? Que a Umbanda é uma
religião voltada somente para o bem. Não fazemos trabalhos para isto ou aquilo.
Que o culto é grátis e não pode atender a interesses particulares.
Alguns
trabalhadores menos esclarecidos deturpam completamente o sentido das bases do bem,
saem fora da caridade e do trabalho produtivo gratificante, e continuam a
chamar suas sessões de Umbanda. Isto é que é errado! É isto que nós umbandistas
devemos combater e esclarecer.
Ficarmos
discutindo dogmas deste ou daquele Orixá nos leva a compreensão das forças da
natureza sim, mas deve objetivar apenas isto e não a imposição de uma única
Verdade.
A
única verdade da Umbanda é a Caridade e o Amor, o resto são formas de culto que
variarão de região para região, de terreiro para terreiro e devem ser
respeitadas. Entretanto, charlatães, enganadores, espoliadores, falsos
profetas, enfim, pessoas que usam o nome da Umbanda em benefício próprio tem
que ser combatidos através do esclarecimento e divulgação da essência da Umbanda.
Dos
pilares básicos compreendemos nas lições trazidas pelos trabalhadores espirituais,
e aqui evocamos a figura humilde dos Pretos Velhos, que são os Mestres da
humildade, o seguinte: cada um tem suas crenças, suas características, seus
laços de família, de raça e de religião, e isto, deve ser respeitado.
Respeitamos todas as religiões, desde que voltadas para o bem, e que respeitem
os direitos humanos.
Portanto,
a Umbanda não precisa ser pregada. Simplesmente se impõe no nosso contexto pelas
verdades e características que as Entidades trouxeram e trazem e basta que
olhemos e pensemos nas forças da natureza agindo, interagindo e atuando
constantemente em nossas vidas.
Procuramos
compreender não apenas os princípios básicos que nos mostram, mas as leis que
regem a vida. E, portanto é necessário muitas vezes evocar algo mais profundo
do que o concreto.
Entretanto,
urge um posicionamento firme por parte dos umbandistas. A Umbanda é linda e está
voltada exclusivamente para a Caridade. Não podemos nos envergonhar de sermos
umbandistas.
Temos
que assumir o nosso amor a Umbanda e elevar o seu nome através de exemplos
próprios em nossas vidas, em nosso dia-a-dia. Não adianta ser umbandista apenas
dentro do Terreiro. Temos que ser fora dele principalmente!
O
trabalhador de Umbanda deve compreender que na gira de caridade (sessão), todos
estão fazendo caridade; o guia, o médium, os dirigentes materiais e
espirituais, o assistente, e, portanto todos têm sua paga (resgate) espiritual
através da Lei do Karma (causa e efeito). Fazemos o bem, porque ultrapassamos a
barreira do viver apenas por viver, admitimos com isso algumas leis da vida
hiper-física (reinos superiores da natureza), e mais do que admitir, colocamos
em prática tais leis.
No
entanto, o viver nos ensina que nem todos os problemas podem ser resolvidos, mas
podem ser compreendidos, e podemos receber amparo, por isso procuramos
explicações que necessitam ser mais profundas. Mas sempre dentro do merecimento
de cada um.
Reconhecemos
uma hierarquia dos espíritos, reconhecemos que alguns problemas que se nos
apresentam tem origem kármica e, portanto não podem ser resolvidos rapidamente,
sendo exigido um tempo para sua expiação. E não adianta ficarmos batendo pé,
exigindo dos Orixás, guias ou entidades solução imediata. Guia nenhum, enviado
de Orixá nenhum se apresenta em terreiro nenhum para resolver nossos problemas
materiais. Tudo tem seu tempo e sua hora dentro do merecimento de cada um.
Devemos pedir resignação e força para enfrentar as nossas dificuldades e principalmente
auxílio para sermos merecedores da graça que buscamos.
Compreendemos
também, que temos amigos no além-túmulo, que se têm condições de ajudar, ajudam
os quais denominamos guias, trabalhando por nós em outras esferas.
Devemos
compreender que pretos velhos, caboclos, ou entidades que podem nos ajudar não habitam
em nosso plano físico. Os pontos cantados, o defumador, as orações, o ambiente,
enfim, visam oferecer condições para evocar tais entidades para perto de nós.
As
falanges que atendem aos apelos de nossos chamados possuem reinos de vida,
áreas de atuação, de modo que trazem energias e vibrações afins, assim ao
chegarem ao nosso meio carregam o ambiente e trocam nossa energia terráquea
(física) por energia proveniente de suas hostes (cósmica).
Reconhecemos
os Orixás básicos, e que cada um tem sua esfera de atividades. Como embaixadores
de Deus, como ministros de Deus, cada qual tem seu campo de ação, e para sermos
mais eficientes devemos fazer o pedido ao Orixá certo. Se queremos que uma
planta brote, cresça e floresça não podemos molhá-la com água salgada, mantê-la
longe do sol ou em lugar sem ar. Assim é com os nossos pedidos.
Dentro
dos pedidos que se fazem as falanges que são invocadas nas giras, um fator
básico a que nos propomos, tanto trabalhadores físicos (médiuns) quanto
trabalhadores espirituais, é a condução de entidades que por motivos vários
obsedam pessoas ou ambientes em que vivem, procurando esclarecer, ou
simplesmente afastar as intromissões malfazejas (destrutivas), sempre respeitando
a Lei do Livre Arbítrio.
Também
nos propomos a tentar dissolver miasmas ou fluídos negativos agregados aos corpos
dos médiuns e assistentes (trabalho de expurgo – eliminar).
A
gira também estabelece um vínculo maior entre o médium e o seu guia, ampliando
assim cada vez mais o entrosamento, melhorando também a sua capacidade mediúnica
de trabalho.
Por
último, dentro do campo das possibilidades kármicas, esclarecer ou ajudar na
solução de problemas pessoais através de mentalização clara e persistente, ou
seja, é fundamental que se compreenda que um Templo Umbandista não é uma Tenda
de Milagres, onde chegamos e todos os nossos problemas materiais serão
resolvidos.
Um
Templo Umbandista é o local para recarregarmos nossas baterias, renovamos a
nossa fé em Zambi (Deus) e através da caridade pura evoluímos como seres
humanos alcançando assim serenidade para enfrentarmos o nosso dia-a-dia.
Em
resumo, as funções dos guias, mentores e protetores de Umbanda são de amparo,
esclarecimento, orientação. A decisão e solução são nossas.
Compreendemos
também que existe forte tendência do ser humano, de maneira geral, em quando
submetidos a uma situação frustrante ou de fracasso, atribuir a causas externas
a sua pessoa esse fracasso, e quando submetidos a situações prazerosas atribuir
a si mesmo, as suas qualidades pessoais.
Assim
as pessoas agem quando chegam aos terreiros de Umbanda. Se não têm os seus
pedidos atendidos de pronto, é porque o dirigente não é bom, porque o terreiro
é fraco, ou porque a Umbanda não é de nada. Nunca lhes passa pela cabeça que
primeiro precisam merecer alcançar
determinada graça, ou que seja um processo kármico evolutivo pelo qual estejam
passando para seu próprio aprendizado. Não meus amigos, infelizmente isso não
acontece, e sabem por quê? Porque muitos resolvem ser umbandistas por medo, ou
para que sua vida material melhore.
A
Umbanda evoluiu, esse tipo de papel não cabe mais nela. O estudo constante é fundamental.
As entidades que militam na seara umbandista estão cada vez mais evoluídas e esclarecidas
e tem importante papel dentro da espiritualidade. Cabe a nós médiuns, tentarmos
estar a altura dela.
Lembramos
ainda que o LIVRE ARBÍTRIO de
cada um irá determinar a quantidade de influência das vibrações menores ou
maiores de cada Orixá.
A
busca por manter as vibrações dos Sete Orixás em equilíbrio deve ser uma constante
em nossas vidas. Isto é um trabalho diário. É um constante Orai e Vigiai como
já nos ensinou o Mestre dos Mestres. E para nós, umbandistas a Umbanda é o
caminho, através da Caridade desinteressada e do Amor indiscriminado de
obtermos esse equilíbrio.
As Entidades
na Umbanda
Mensageiros divinos, ordenanças do Pai Maior.
São nossos Guias e Orientadores. Companheiros astrais, que buscam nos guardar, proteger
e intuir. Auxiliar-nos, para que, melhor possamos percorrer nossa própria
jornada evolutiva. Quão bom seria, se conseguimos senti-los, ouvi-los e
compreende-los, sem as negativas interferências de nossos próprios interesses
mundanos.
Entidade é o nome dado a todos os espíritos
que estão em uma faixa de vibração astral, boa para o trabalho na Umbanda. Conforme
seu grau de evolução espiritual, esses espíritos são levados a fazer parte de
uma falange (agrupamento de espíritos), a fim de atuarem, aprenderem e
evoluírem espiritualmente. Lá eles permanecem até a possível volta para uma
reencarnação ou a evolução para um plano espiritual superior.
Falange é um agrupamento de mais de 400 mil
espíritos, que atuam em um determinado plano espiritual, ou seja, em uma
determinada faixa de vibração.
Existem entidades de Alta, Regular e Baixa,
faixa vibratória, e por isso elas se dividem em vários grupos: Falangeiros de
Orixá, Caboclos, Pretos Velhos, Exus, Pomba-Giras, Ibeijadas e demais entidades
que atuam de formas diversas. Cada falange recebe o nome de seu chefe e cada
espírito dentro desta falange, atende por este mesmo nome.
Quando um médium trabalha com uma determinada
entidade, ele não trabalha com um único espírito. O que ocorre é que todos os
espíritos que constituem aquela determinada falange, têm uma única tônica de
vibração com a qual penetram na faixa vibratória do médium, à razão de um por
segundo, mantendo assim a sintonia durante todo o período que dura uma
comunicação. Em outras palavras, os espíritos não trabalham isoladamente, mas
em falange, todos numa única vibração.
Embora não seja muito comum, é possível
acontecer que um mesmo espírito, embora seja uma só vibração, venha em diversas
falanges, com diferentes nomes, conforme sua missão espiritual. Um espírito de
certo grau de evolução pode se desdobrar na vibração, ou seja, aumentá-la ou
diminuí-la, obviamente que dentro de um certo limite preestabelecido. Desta
forma, essa entidade pode se apresentar ora numa faixa, ora em outra. Por
exemplo: Se ela atua normalmente sob a linha do Oriente, pode num desdobramento
de vibração, apresentar-se na forma de um caboclo, embora conserve também suas
características essenciais.
Necessário também é compreender-se à
diferença entre hierarquia terrena e evolução espiritual. Algumas pessoas
pensam que a posição hierárquica de uma entidade corresponde à sua posição na
vida física anterior. Isto não corresponde à verdade porque as falanges não se
agrupam conforme as raças ou costumes da vida terrena, mas sim de acordo com o
grau de evolução espiritual e afinidade vibratória.
Desta forma, um espírito pode se apresentar,
por exemplo, como um caboclo, apenas para ter um melhor acesso a um médium e a
seus consulentes.
Conhecendo
um pouco cada entidade
Pretos-Velhos
Há os das mais diferentes idades, desde
jovens até velhos. Nunca crianças. Há os feiticeiros-mandingueiros, os que
apreciam unir casais, os brincalhões, os mais sérios, ligados à linha do
Oriente, evangelizadores, curadores e os mais sábios, os da Linha das Almas
(que curam e dominam Exus, muito poderosos), pretas-velhas joviais e
benzedeiras, receitadores etc.
Jamais são desordeiros, sensuais, usam
palavras grosseiras, violentos, agressivos. Todos, mesmo os mais jovens,
demostram extremo equilíbrio, paciência e sabedoria. São os melhores
conselheiros e ficam bastante tempo com os consulentes.
A humildade é a melhor virtude de um
preto-velho. Nunca são altivos, apesar de alguns serem sérios e enérgicos. A
energia é aquela do avô que sabe aconselhar, mas não xingar agredindo. Puxam
conversa para que o consulente solte seu coração ou falam sem parar descrevendo,
do início ao fim, a vida de quem os procura.
O arquétipo do ancião preto, nobre, poderoso,
amoroso, humilde e sábio, ocultado por trás do jeito simples de falar, encantou
e tornou imortal a figura carismática do Preto-Velho.
Os Pretos-Velhos, ou linha das almas, atuam
na irradiação de Pai Obaluaiê, de quem captam as irradiações, tornando-se
também irradiadores delas, estabilizando e transmutando a vida de quem os
consulta. Preto-Velho, no ritual de Umbanda Sagrada, é um grau manifestador de
um Mistério Divino. Nem todo preto-velho é preto ou velho. A forma como eles
incorporam, curvados, expressa a qualidade telúrico-aquática de Pai Obaluaiê
(Omulu). O peso que parecem carregar não é fruto do cansaço, da idade avançada
ou velhice, mas á a ação da qualidade estabilizadora terra, desse Orixá, Essas
entidades manifestam-se sob a aparência de negros escravos, trazendo-nos o
exemplo de humildade e simplicidade da alma.
São espíritos elevadíssimos com vasto campo
de atuação, encontrados nas Sete Linhas de Umbanda, pois trabalham a Evolução
nos sete sentidos da vida dos seres. Trazem sempre palavras de fé, de
esperança, de consolo e de perseverança, com sua sabedoria, paciência, paz e
serenidade.
No arquétipo do amoroso Preto-Velho, esses
espíritos estão sempre a nos ensinar que o perdão é sempre a melhor opção e que
a caridade é o melhor caminho evolutivo. Eles não carregam mágoa, raiva ou ódio
pelas humilhações, atrocidades e torturas que sofreram na carne.
São conselheiros pacientes, mostrando-nos a
vida e seus caminhos. Com suas mirongas, banhos de ervas e outros elementos,
exorcizam forças negativas, obsessesores e quiumbas, e, apoiados pelos Exus de
Lei, desfazem trabalhos de magia negra.
Esse arquétipo é tão poderoso e forte que foi
adotado por milhões de espíritos evoluidíssimos que se apresentam discretamente
nos centros de Umbanda nessa linha de trabalho.
O Preto-Velho sábio, humilde e caridoso
simboliza a sabedoria dos velhos benzedores, a humildade daqueles que extraíram
suas forças das condições cruéis que lhes foram impostas em vida. Com sabedoria
e simplicidade, ensinam as pessoas para que entendam e encarem seus problemas
cotidianos e busquem as melhores soluções. Eles aliviam o fardo dos
consulentes, fazendo com que se fortaleçam espiritualmente.
Caboclos
Caboclo, na Umbanda,
é um mistério, uma linha de trabalho, uma falange, um grau. É o identificador
de entidades que trabalham na vibração ligada a Oxóssi, o orixá das matas e do
conhecimento.
Nas linhas de ação e
trabalho dos caboclos são incorporados milhares de espíritos cujas religiões
não eram a iorubá (maior grupo étnico da África Ocidental, Nigéria) nem a
indígena brasileira. Mas todos têm uma forma de incorporação bem
característica.
Na Umbanda, os
caboclos têm uma função relevante, pois são eles que assumem a frente nas
linhas de trabalho dos médiuns. Os caboclos são o elo de ligação do médium com
os orixás. Nas linhas de caboclos estão ocultos sob formas plasmadas grandes
sacerdotes desencarnados já há muitos séculos, muitos sábios, filósofos,
professores e sacerdotes dos mais variados rituais.
O arquétipo (modelo) do
caboclo índio brasileiro é bastante forte, e só espíritos com uma noção
superior sobre as verdadeiras leis da vida poderiam ser enviados á Terra para,
incorporados em seus médiuns, orientar os infelizes encarnados.
Os caboclos
representam a simplicidade, a humildade, a coragem e a persistência. Os índios
tinham elevadíssimas noções de conduta e moral e a mentira, a dissimulação e a
falsidade não se desenvolveram entre eles. Pela moral, caráter,
espiritualização, fraternidade, etc., a Umbanda tem no índio um dos graus mais
elevados e o arquétipo para esta linha de ação e trabalho.
Os caboclos são o braço forte da Umbanda;
representam a força e a energia dos trabalhos, agindo sempre com muita altivez,
como desbravadores dos caminhos da espiritualidade e da fé. São espíritos que
se apresentam fortes, vibrantes e trazem as forças da natureza e a sabedoria no
uso das ervas. É na irradiação benéfica das matas que, espíritos são curados,
doutrinados e encaminhados pelos caboclos.
Os caboclos também ensinam a termos coragem e
a sermos guerreiros na vida, lutando pelo que é justo e bom para todos. Ajudam-nos
a entrar na macaia (a mata que simboliza a vida), a cortar os cipós do caminho (vencer
as dificuldades) e, se for preciso, caçar os bichos do mato (vencer as
interferências espirituais negativas).
Há caboclos (as) na irradiação de todos os
Orixás, mas a linha de trabalho dos nossos queridos Caboclos e Caboclas no
ritual de Umbanda Sagrada é sustentada pelo mistério Orixá Oxossi. Os caboclos
e caboclas são doutrinadores de nossa Fé, Amor, Conhecimento, Justiça, Lei,
Evolução e Geração. São trabalhadores dos mistérios à direita dos Sagrados
Orixás.
Sua linha é forte, pois são aguerridos,
persistentes e movimentam essências dos Tronos de Deus. São espíritos que se
consagraram aos mistérios dos Orixás e servem à sua direita, com um nome
simbólico que identifica a falange na qual eles trabalham.
Em casos extremos onde a força é necessária, são
os caboclos os desobsessores que conduzem o espírito perturbador para longe.
Nos trabalhos de cura em todas as religiões (diz-se que o espírito do Dr.
Bezerra de Menezes, vale-se dos caboclos como auxiliares), participam
ativamente, indo aos reinos das matas, mares e rios em busca de recursos
fluídicos para estes trabalhos.
Tudo conhecem, da feitiçaria à escolha das
ervas, dominando os elementais dos quatro reinos da Natureza.
Crianças
(Yori,Erês ou Ibejis)
As crianças que vêm aos trabalhos de Umbanda
são espíritos antigos. Tomam essa forma por absoluta afinidade e preferência.
Sempre foram descritos pelos videntes na forma de anjinhos ou cupidos pagãos,
comungando nas atividades humanas rotineiras, cercando espíritos de índole
feminina, as iabás africanas, santas católicas ou deusas pagãs. Onde houver
beleza, necessidade de calma ou atividades ligadas à infância, apresentam-se
para colaborar.
Essa é uma linha fechada em seus mistérios,
regida por Pai Oxumarê, orixá da renovação da vida nas dimensões naturais, o
pai das cores e do arco-íris, amparada pela linha do amor. Nessa linha atuam
espíritos infantis, mas que têm muito poder. São excelentes conselheiros,
orientadores e curadores e não gostam de fazer desobsessões, nem de desmanchar
demanda.
O arquétipo para essa linha não foi fornecido
pelo lado material da vida, mas pelos seres encantados da natureza, crianças
encantadas, portadoras naturais dos mistérios regidos pelos orixás. Esse
arquétipo fundamentou-se na inocência, na franqueza, na alegria e na
ingenuidade dos seres encantados infantis.
O Orixá das Crianças ou Erês é um Guardião de
um Ponto de Força do Reino Elementar e atua sobre toda a humanidade, sem
distinção de credo religioso. Pai Oxalá, Mãe Yemanjá, Mamãe Oxum e outros
fornecem espíritos na forma de crianças, para atuação na linha de força dos
elementos: ar, fogo, água, terra etc. Essas crianças têm as características do
elemento em que atuam, sendo caladas se são da terra, facilmente irritáveis se
são do fogo, alegres e expansivas sob a influência do ar, carinhosas e
melodiosas no falar, se são da linha de Oxum ou Yemanjá, e assim por diante.
Um ser elemental puro e não tem os defeitos
característicos dos humanos, mas possuem uma grande força ativa que pode ser
colocada a serviço da humanidade, pois muitas dessas entidades são bastante
antigas e com muito mais poder do que imaginamos. São conselheiros e curadores,
daquilo que pode ser tratado com seu elemento ativo e trabalham com irradiações
muito fortes e puras na sua origem. No decorrer das consultas, alertam os
consulentes sobre seus erros e falhas humanas e, com seus elementos, vão
trabalhando o consulente, modificando suas vibrações, equilibrando e alinhando
seus chacras. Nas curas espirituais, fortalecem o emocional, limpam e descarregam,
aliviam os subconscientes quanto aos problemas cotidianos dos médiuns e os
descontraem, pois atuam na própria psique. Trabalham brincando e brincam
trabalhando, com seus carrinhos, bonecas, apitos e outros brinquedos.
Muitas crianças (ibejis, beijada, erês ou
cosminhos) ainda estão mais ligadas ao plano dos encantados da natureza do que
ao plano natural humano, pois muitos nunca encarnaram ou o fizeram uma única
vez.
Quando incorporadas em seus médiuns, preferem
as consultas durante as quais vão trabalhando o consulente com seu elemento de
ação, modificando e equilibrando sua vibração e regenerando os pontos de
entrada de energia nos seus corpos materiais.
Baianos
São espíritos alegres, brincalhões,
descontraídos. São muito conselheiros, orientadores, aguerridos e chegados à
macumba (é uma espécie de árvore
africana e também um instrumento musical utilizado em cerimônias de religiões
afro-brasileiras e dança ritual), durante a qual trabalham, enquanto giram
com seus passos próprios.
O arquétipo adotado para a linha de ação e
trabalho dos baianos da Umbanda é o culto aos antepassados ou a Egungun, aos
tradicionais pais e mães de santo da Bahia, embora manifestem-se pais e mães de
santo de todos os recantos do país.
A Linha dos Baianos é a dos heróis anônimos
que sustentaram o culto aos Orixás e os semearam primeiro em solo baiano, e
posteriormente no resto do Brasil e, com a Umbanda organizada, os levarão ao
mundo.
A gira dos baianos é sempre muito animada e
essas entidades têm sempre respostas certeiras e rápidas para as nossas
questões, para sabermos lidar com as adversidades diárias, com alegria e
descontração.
Os baianos e baianas apreciam as festas, com
suas comidas e bebidas típicas. São chegados à dança ritual, durante a qual
trabalham, enquanto giram com seus passos e danças próprios.
Boiadeiros
Os boiadeiros são espíritos hiperativos,
valorosos, descontraídos, diretos, mas de poucas palavras e sisudos, que atuam
como refreadores do baixo astral. São aguerridos, demandadores e rigorosos com
os espíritos trevosos. São os peões boiadeiros habilidosos, valentes e de muita
força física. Chegam bradando ê, boi! Ou Jetuá!
Seus campos de ação são os caminhos (Ogum) e
o tempo ou as campinas (Oiá). O laço e o chicote são suas armas espirituais,
mistérios usados como refreadores dos investidas das hostes sombrias de
espíritos do baixo astral. Com seus laços, os boiadeiros criam verdadeiras
espirais, laçando eguns e quiumbas paralisados em seus negativos e
perturbadores dos encarnados.
Esses espíritos sofreram preconceitos como os
sem raça, sem definição de sua origem. Representam a própria miscigenação de um
povo, a coragem, a liberdade, a determinação e o convívio harmonioso com os
animais e com a natureza.
Seu arquétipo é a figura do mítico peão, do
tocador de gado. Usam seus conhecimentos ocultos, para auxiliarem as pessoas
nos momentos mais difíceis de suas travessias pela evolução na matéria.
O arquétipo é forte, impositivo, vigoroso,
valente e destemido. São espíritos que em suas últimas encarnações,
praticamente viveram sobre o lombo dos cavalos. Eram vaqueiros, domadores de
cavalos, soldados de cavalaria etc.
A linha dos Boiadeiros é sustentada em um dos
seus mistérios por Ogum, e a alusão aos cavalos, ao tocar da boiada, ao laçar e
trazer de volta o boi desgarrado do rebanho, o atolado na lama, o arrastado
pelos temporais, o que se embrenhou nas matas e se perdeu, o que foi atravessar
o rio e foi arrastado pela correnteza etc., tudo tem a ver com o trabalho
realizado por esses destemidos espíritos.
Essa é uma linha transitória criada por Ogum
e por outros Orixás, para a evolução de muitos Exus. Muitos dos espíritos que
hoje se manifestam como caboclos boiadeiros já trabalharam sob a irradiação do
mistério Exu, que é mais um dos graus evolutivos da Umbanda, mas outros nunca
foram Exus.
Como Exus, trabalharam e conquistaram o grau
de boiadeiros. Como boiadeiros, conduzem de volta às pastagens tranquilas e
seguras os bois desgarrados e desviados da Lei Maior, do processo evolutivo
humano.
Os boiadeiros são combativos, cortadores de
magias negras e conhecedores de remédios, unguentos, pastas de ervas, plantas,
curas, mirongas, feitiços e magias. São excelentes para a limpeza e descarrego
dos terreiros, afastando obsessores, estabilizando o ambiente e as energias,
dando ordens, com seus brados, para os espíritos se retirarem, mantendo a
disciplina no terreiro.
Linha
do Oriente
A Linha do Oriente, ou dos Mestres do
Oriente, é parte da herança da Umbanda, com elementos de um passado comum,
berço de todas as magias e alicerce básico das religiões. Entre todos os povos
do oriente, desde a mais remota antiguidade, há uma sólida e autêntica tradição
esotérica, dita a sabedoria oculta dos patriarcas, os mistérios religiosos dos
povos antigos, que só tem chegado até nós em pequenos fragmentos.
A Linha do Oriente abrigou as diversas
entidades que não se encaixavam nas matrizes indígena, portuguesa e africana,
formadoras do povo brasileiro. Essas entidades preservam conhecimentos
milenares; são sábios que ajudam seus irmãos encarnados, independentemente de
sua origem religiosa; são espíritos que não encarnam mais, mas que querem
auxiliar os encarnados e desencarnados, em sua evolução rumo ao Divino, pois
quem aprende tem que usar o que aprendeu.
Os mais altos conhecimentos esotéricos da
antiguidade são conhecidos, no plano astral, pelas entidades que se manifestam
nessa Linha. São conhecimentos magísticos (ativação de processos mágicos) e espiritualistas desaparecidos no plano
material e preservados no astral, mantidos com essas entidades, cada qual com o
que era sabido na religião de seu povo.
A Linha do Oriente tem enviado uma quantidade
imensa de espíritos para a Corrente Astral de Umbanda. São entidades que vêm
com a missão de humanizar corações endurecidos e fecundar a fé, os valores
espirituais, morais e éticos no mental humano.
Diversos templos umbandistas não têm por
hábito trabalhar com essa linha, talvez por desconhecerem os benefícios que os
povos ligados às suas diversas falanges podem nos proporcionar. Se as
evocarmos, com certeza seus guias nos darão a cobertura e as orientações
necessárias e os consulentes poderão usufruir de seus magníficos trabalhos,
principalmente relacionados à cura, campo em que gostam de atuar.
A Linha do Oriente é regida por Pai Oxalá,
irradiador da fé para a dimensão humana, e por Pai Xangô, fogo e calor divino,
com entidades atuando nas irradiações dos diversos orixás. Tem como patrono um
espírito conhecido, em sua última encarnação, como João Batista, irradiador de
muita luz, sincretizado com Xangô do Oriente e conhecido como Kaô. Era
primo-irmão de Jesus Cristo e o batizou nas águas do Rio Jordão e tem o comando
dos povos do oriente, onde se manifestam espíritos de profetas, apóstolos,
iniciados, cabalistas (pessoa que faz ou participa da cabala,ou seja, executa
procedimentos de caráter mágico ou esotérico), anacoretas (religioso que vive
na solidião), ascetas (pessoa que se
entrega a exercícios de piedade), pastores, santos, instrutores e peregrinos.
A Linha do Oriente, apesar de não ser oriente
no sentido geográfico, popularizou-se e teve seus momentos gloriosos no Brasil
nas décadas de 50 e 60, ocasião em que as tradições orientais budistas e
hinduístas se firmaram, entre os brasileiros praticantes de modalidades ligadas
ao orientalismo. Espíritos falando nomes desconhecidos por nossa gente, que
tiveram encarnações como indianos, tibetanos, chineses, egípcios, árabes,
celtas e outros, incorporavam nos terreiros do Brasil, ao lado das linhas de
ação e trabalho dos caboclos e pretos-velhos, sem esquecermos os espíritos ciganos.
A Linha do Oriente ou Linha dos Mestres do
Oriente ainda está atuante e beneficiando aqueles que a invocam e a oferendam.
A saudação para essa linha é “Salve o Povo do Oriente!”. Alguns usam saudar
como “Kaô!” (João Batista) e também “Salve o Povo da Cura!”
Ciganos
Já comentamos que a
corrente astral de Umbanda é aberta a todos os espíritos que queiram praticar a
caridade, independentemente de suas origens terrenas e de suas encarnações.
Houve época em que dirigentes umbandistas não aceitavam ciganos em seus
trabalhos, mas a Umbanda acolhe em suas linhas de trabalho todos os filhos de
Deus que queiram praticar a caridade.
Tamanha foi a
simpatia do povo umbandista pelas entidades ciganas e grande foi a seriedade do
seu trabalho, orientando com sabedoria, ensinando a beleza da criação e a
alegria de viver, que foi criada uma Linha de ação específica para eles, com
sua própria hierarquia, magia e ensinamentos.
Uma característica
marcante do povo cigano é a liberdade, em relação às nacionalidades, aos
padrões sociais e aos preconceitos que escravizam. Os ciganos são poeticamente
denominados “Filhos do Vento”, por sua liberdade, fluida mobilidade e errância,
sempre ao sabor do vento, percorrendo os quatro cantos do mundo em sua mágica
trajetória. Profundos conhecedores dos caminhos, em sua saga milenar vêm
recolhendo conhecimentos iniciáticos de todas as culturas e tradições.
Outra característica
marcante é o seu conhecimento magístico e curandeiro, principalmente nos campos
da saúde e do amor. É lendária a vidência de seus magos e sacerdotisas, que
utilizam o elemento espelho, para refletir o Tempo, a memória ancestral, os
conhecimentos, a arte da cura e dom da vidência. Por meio das cartas ou outros
suportes materiais como bolas de cristal, estralas do mar e simples copos de
água, o futuro, o presente e o passado desdobram-se no vórtex temporal (um escoamento giratório onde as linhas de corrente apresentam um padrão
circular ou espiral. São movimentos espirais ao redor de um centro de rotação) de suas visões.
Regidos pelo Tempo
(Oiá) e pelo espaço (Oxalá), o povo cigano se move livremente tanto no espaço
como no tempo.
Os primeiros ciganos acolhidos no Brasil no
século XVI, enviados de Portugal como degredados, em 1574, para aqui
trabalharem como ferreiros e ferramenteiros. Só vieram como autônomos a partir
do século XIX, acompanhando o séquito de D. João VI.
Na Umbanda, a presença de ciganos tem sido
cada vez mais constante e, em muitos terreiros, eles próprios já pedem para que
seus médiuns trabalhem com a roupa branca e tenham apenas os seus elementos
magísticos, como lenços, baralhos, espelhos, adagas, anéis e outros. Nas suas
festas, podem ser utilizados os violinos, a cítara, a viola, os pandeiros e
outros instrumentos característicos. A saudação a eles é:Salve os Ciganos!
Na Linha dos Ciganos
encontramos espíritos que tiveram encarnações como ciganos e também espíritos
que foram atraídos para essa linha por afinidade com a magia cigana. Por isso,
os ciganos na Umbanda não têm obrigatoriamente que falar espanhol ou romanês,
ler cartas ou fazer adivinhações. Há os espíritos ciganos que fazem isso porque
já o faziam quando encarnados e outros não.
O povo cigano tem
suas cerimônias próprias e tem seus rituais coletivos adaptados à Umbanda e
suas sessões são muito apreciadas e muito concorridas, pois seus trabalhos
estão voltados para as necessidades mais terrenas dos consulentes.
É uma linha
espiritual em franca expansão e temos até linhas de esquerda ciganas, tais como
a do Senhor Exu Cigano e da Senhora Pomba-Gira Cigana, muito procurados pelos
consulentes quando se manifestam nas sessões de trabalhos espirituais.
É uma linha
espiritual especial, cujas entidades trabalham na irradiação dos diversos
orixás, mas louvam sua padroeira, Santa Sara Kali-yê. Seus trabalhos também
podem ser sustentados por Pai Ogum – orixá do ar, ordenador dos caminhos – e
por mãe Egunitá – o fogo purificador – pois os ciganos sempre estão ao redor de
suas fogueiras.
Na Umbanda, atuam
como guias espirituais, de maneira extremamente respeitosa e sempre procuram
mostrar o caráter fraterno do povo cigano, seu respeito com o alimento e a
capacidade de repartir o pão. Aceitam o ritual umbandista, como meio
evolucionista, e retribuem com suas ricas orientações e com a alegria de seus
cantos e de suas danças.
Marinheiros
Ser marinheiro de Umbanda significa ser
eterno amante do mar e de seus mistérios, significa auxiliar pessoas e
espíritos necessitados com os recursos do mar, dos mistérios das águas.
Os marinheiros são milhares de espíritos que
em suas últimas encarnações viveram do mar, pelo mar e para o mar, dentro de
embarcações. Alguns navegaram, outros submergiram nas águas profundas, outros
foram arrastados pelas ondas para dentro dele e outros foram levados para
outros lugares pelas correntes marítimas.
Esses espíritos, quando encarnados, foram
capitães do mar, comandantes de navios, soldados da marinha, bucaneiros,
piratas, pescadores, navegantes e todos os eternos amantes do mar e dos seus
mistérios. Os marinheiros, no lado espiritual, vivem submersos no fundo do mar,
a realidade aquática da vida, que é a região do povo d’água, os seres aquáticos
elementais da água. Nessa dimensão aquática, a água os deixa firmes, ao
contrário do que acontece quando incorporados.
Na matéria, cambaleiam de forma ondulada,
balanceando, ao liberar o poder de seu mistério por meio de ondas magnéticas no
campo espiritual do médium e do templo.
Seus magnetismos absorvem muito do álcool do
corpo do médium e, para não paralisar nenhuma das funções de se médium e dar
fluidez e volatilidade às suas vibrações de espíritos, expandindo seus campos
magnéticos, estabilizando e equilibrando a incorporação, utilizam a energia do
rum ou da cachaça para executar as funções que lhes cabem.
Incorporados em seus médiuns, os marinheiros
se movimentam e dançam como se estivessem se equilibrando sobre o tombadilho de
um barco ou de um navio em alto mar, mas o que realmente acontece é que eles se
manifestam sob a irradiação de Mãe Yemanjá, cujo magnetismo faz com que eles
tenham os movimentos das ondas do mar.
Podem ser regidos também por outras mães
d’água, como Nanã, Oxum e até mesmo Obá, formando uma linha de “povos da água”.
Seus magnetismos aquáticos dão a impressão de que o solo está se movendo sob
seus pés e por isso eles imitam os marujos nos tombadilhos dos navios.
Esses espíritos são extrovertidos, alegres e
cordiais, colocando os consulentes à vontade. São magos nos mistérios aquáticos
e trazem-nos a possibilidade de libertação dos nossos entraves.
A forte vibração da energia aquática dilui
cargas trevosas, purifica pessoas e ambientes e atua no trabalho de cura. Mãe
Yemanjá é a senhora do lado de cima da Grande Calunga, o mar, e Omolu é o
senhor do lado de baixo da Pequena Calunga, a terra, e sustentador do eterno
vai-e-vem das águas.
Malandros
As entidades que hoje
se manifestam nessa “nova” linha de ação e trabalho umbandista, antes chegavam nas
giras nas linhas dos Baianos ou dos Exus. Aos poucos, foram sendo aceitos,
respeitados e procurados, ganhando linha própria, comandados por Seu Zé
Pelintra.
Originaram-se no
Catimbó nordestino, com identidade na pajelança xamânica dos índios brasileiros
e no catolicismo, na chamada Linha dos Mestres e do culto à Jurema sagrada, bem
antes da Umbanda.
São o resultado da
grande miscigenação cultural e racial brasileira e retratam as populações
marginalizadas, desfavorecidas, pobres e sofredoras das periferias do país,
tanto rurais quanto urbanas.
O Catimbó se
desenvolveu paralelamente à Umbanda, mas ambos se encontraram nos grandes
centros urbanos. O termo “Mestre”, usado no Catimbó, vem da feitiçaria
européia, principalmente a portuguesa, da qual adotou várias práticas,
inclusive o uso do caldeirão e rituais de magia.
É fundamental no
Catimbó o uso de ervas e raízes, a fidelidade aos dogmas do catolicismo, aos
santos, ao terço, à água benta e à reza. O trabalho e a força estão na fumaça e
nas ervas. O fumo é especialmente preparado e a magia do trabalho vai pelo ar,
no tempo, junto com a fumaça e a bebida.
As entidades que se
manifestam na Linha dos Malandros são um agrupamento de espíritos que viveram
suas reencarnações na pobreza e no sofrimento, mas souberam tirar da dor o
humor e o jogo de cintura para driblar a miséria e o baixo astral. Por onde
passam levam alegria e arrancam sorrisos e gargalhadas, com seu samba no pé,
sua ginga e malandragem.
Os malandros do
astral não são marginais do além, como muitos supõem. São espíritos amigos,
voltados para a prática da caridade espiritual e material. Propagam o respeito
ao ser humano, a tolerância religiosa, a humildade, os bons exemplos, o amor ao
próximo, o amparo às crianças desamparadas e aos idosos. Combatem as trevas e
desmancham feitiços e magias negras.
Em locais de extrema
pobreza e ausência de assistência pública e de justiça humana, os malandros
estão presentes com sua misericórdia, buscando aliviar o sofrimento e socorrer
os necessitados, enxugando as lágrimas dos que sofrem.
Manifestam-se na
Linha dos Malandros muitos “Zés”: Zé Pelintra, Zé da Virada, Zé Navalha, Zé
Malandrinho, Zé da Faca e outros, como Chico Pelintra, Cibamba, Seu Malandro.
São “mandingueiros” do bem e apresentam grande senso de humor em suas
manifestações. São entidades da rua, encontrados em bares, festas, subidas de
morros etc.
Zé Pelintra é uma
entidade urbana, que pode até nada ter a ver com a origem dos mestres, mas é
chamado de mestre catimbozeiro, doutor, curador, conselheiro, defensor das
mulheres, das crianças e dos pobres, guerreiro da igualdade social, médico dos
pobres, advogado dos injustiçados, dono da noite e rei da magia. Tem grande
importância nos catimbós e nas macumbas cariocas e é o protetor dos
comerciantes, principalmente de bares, lanchonetes, restaurantes e boates.
A saudação para essa
linha é: Salve os Malandros! Salve a Malandragem!
Suas cores são o
vermelho e o branco ou o preto e o branco. A regência dos malandros é de Pai
Ogum e, pelas cores, Pai Omolu.
Exus
Falar a respeito dos Exus é algo muito
complicado e delicado, porque sua força de atuação é maior e mais variada do
que imaginamos.
Exu, no ritual de Umbanda, é a força ativa
por excelência. E como Guardião nas Trevas, tem uma função definida pela Lei
Maior, que não pode ser questionado, no máximo explicado.
Os Exus, enquanto Linha de Esquerda na
Umbanda incorporam em seus médiuns e dão consultas gratuitas, aconselhando,
orientando, defendendo, ajudando a superar suas dificuldades materiais ou
espirituais, familiares, profissionais etc., mas, sempre a partir de sua visão
cósmica das situações, de seu senso e de seu entendimento pessoal de como deve
proceder para atender a quem o solicitou. Os Exus que incorporam estão
aprendendo a usar os instrumentos colocados à sua disposição e vão se
aperfeiçoando e acelerando sua evolução. Eles tomam a defesa de seus médiuns
quando algo ou alguém os está prejudicando.
No aspecto geral, Exu rege sobre a vitalidade
dos seres e, no particular, sobre o vigor sexual. Ele é portador de um poderoso
mistério, ligado à sexualidade masculina. Mas, se Exu transpira vigor por todos
os seus sentidos, não vibra o fator estímulo, iniciativa, expressando apenas os
desejos alheios, seja de seus médiuns, seja dos que o evocam ou oferendam. Por
não vibrar esse fator, não toma iniciativas próprias e polariza com pomba-gira,
que emana o fator desejo, o qual, se juntando com o fator vitalidade, estimula
os seres a tomar suas próprias iniciativas. Exu e Pomba-gira são indispensáveis
um para o outro.
Exu é o mais humano dos mistérios de Umbanda,
porque reflete em si a natureza emotiva do seu médium, no qual ele se manifesta
e incorpora.
Embora aparentemente seja punidor, na verdade
ele atua como agente esgotador de negativismos ou criador de estímulos que
ativam o emocional humano, induzindo o ser a mover-se em busca do
"alto". É regido pelo mistério "Trono Neutro", que não é
bom nem mau, e responde segundo é invocado. Através do seu fator vitalizador,
ele tanto vitaliza como desvitaliza os mistérios dos orixás: amor,
conhecimento, religiosidade, geração, equilíbrio, ordem e evolução.
Um Exu não combate um
mentor de luz. Ambos atuam sob a mesma lei.
Pomba giras
O mistério Pomba-gira
é regido por uma divindade cósmica feminina que tanto gera quanto irradia o
desejo, atuando como elemento mágico e agente kármico, nos limites
estabelecidos pela Lei Maior, à disposição dos Orixás. Como elemento religioso,
ela atua como esgotadora de carmas individuais e como ativadora ou estimuladora
das pessoas. Como elemento mágico, só é ativada ou desativada se devidamente
paga, com oferendas rituais simbólicas.
Enquanto Linha de
Esquerda na Umbanda, incorpora em suas médiuns e/ou médiuns e dá consultas
gratuitas, aconselhando, orientando, defendendo, ajudando a superar as
dificuldades materiais ou espirituais, familiares, profissionais etc., mas,
sempre a partir de sua visão cósmica das situações, de seu senso e de seu
entendimento pessoal de como deve proceder para atender a quem a solicitou.
Elas tomam a defesa de seus médiuns quando algo ou alguém os está prejudicando.
Ela é portadora de um
poderoso mistério, ligado à sexualidade feminina. Mas, se Pomba-gira transpira
desejo por todos os seus sentidos, não vibra o fator vitalidade, vigor, e os
desejos não se concretizam. Por não vibrar esse fator, polariza com Exu, que
emana o fator vitalidade, o qual, se juntando com o fator desejo, cria as
condições para que as coisas aconteçam. Exu e Pomba-gira são indispensáveis um
para o outro. As Pombas-giras atuam como agentes esgotadores de negativismos ou
criadores de vontades que atuam no emocional humano, induzindo o ser a mover-se
em busca do "alto". São regidas pelo mistério "Trono
Neutro", que não é bom nem mau, e responde segundo é invocado. Através do
seu fator vontade, elas tanto estimulam como desestimulam os mistérios dos
orixás: amor, conhecimento, religiosidade, geração, equilíbrio, ordem e
evolução.
Que Deus ilumine a
todos os irmãos. Mantenham-se sempre na fé.
Avaliação dos estudos: Responda as Perguntas a Seguir e Entregue
ao Orientador
1.
O
que cada trabalhador de Umbanda deve ter como bandeira?
2.
Explique
porque a Umbanda não precisa ser pregada.
3.
Na
gira (sessão) porque o trabalhador de Umbanda deve compreender que todos estão
fazendo caridade?
4.
É
obrigação dos Guias/Entidades resolver nossos problemas materiais? Justifique
sua resposta.
5.
Quais
são as funções dos guias, mentores e protetores de Umbanda?
6.
Explique
as características:
a)
dos
Pretos-velhos:
b)
dos
Caboclos:
c)
das
Crianças:
d)
dos
Exus:
e)
dos
Malandros:
7.
Explique
a Linha do Oriente.
Referência
Bibliográfica
·
SARACENI, Rubens. Umbanda Sagrada:
Religião, ciência, magia e mistérios.São Paulo: Madras, 2006.