sexta-feira, 25 de janeiro de 2019


OKÊ ARÔ, Oxóssi!!! Saravá Guerreiro de uma Flecha Só!!!

No dia 20 de janeiro grande parte dos Umbandistas comemoram o dia de Oxóssi, devido ao sincretismo com São Sebastião.
Oxóssi
Divindade da Umbanda, é o Trono Masculino do Conhecimen­to, irradia o conhecimento o tempo todo de forma passiva, não forçando ninguém a vivenciá-lo, mas sustentando todos que buscam o conhecimento. Fator expansor que ajuda a expandir em todos os sentidos. Divindade masculina vegetal, é o grande caçador, aquele que vai buscar e traz o conhecimento, o grande comunicador, a divindade da expansão.
Mais do que um ponto de força, as matas são seu lar. Muitos são seus símbolos como o próprio vegetal e o “arco e flecha”. É evocado para a utilização do elemento vegetal e para a utilização do conhecimento bem como a comunicação
Oxóssi é o caçador, orixá da “busca”, estimula e irradia o conhecimento. Nos ajuda na arte da comunicação, na expansão em todos os sentidos.
Dominando o elemento vegetal também pedimos auxílio para a cura através das ervas. Divindade da caça que vive nas florestas. Seus principais símbolos são o arco e flecha, chamado Ofá, e um rabo de boi chamado Eruexim. Em algumas lendas aparece como irmão de Ogum e Exú.
Orixá das Matas, seu habitat é a mata fechada, rei da floresta e da caça, sendo caçador domina a fauna e a flora, gera progresso e riqueza ao homem, e a manutenção do sustento, garante a alimentação em abundância.
Irmão de Ogum, habitualmente associa-se à figura de um caçador passando a seus filhos algumas das principais características necessárias a essa atividade ao ar livre: concentração, atenção, determinação para atingir os objetivos e uma boa dose de paciência.
No dia-a-dia encontramos o deus da caça no almoço, no jantar, em fim em todas as refeições, pois é ele que provê o alimento. Rege a lavoura, a agricultura, permitindo bom plantio e boa colheita para todos.
Segundo Pierre Verger, o culto a Oxóssi é bastante difundido no Brasil mas praticamente esquecido na África. A hipótese do pesquisador francês é que Oxóssi foi cultuado basicamente no Keto, onde chegou a receber o título de rei. Essa nação, porém foi praticamente dizimada no século XIX pelas tropas do então rei do Daomé. Os filhos consagrados a Oxóssi foram vendidos como escravos no Brasil, Antilhas e Cuba. Já no Brasil, o orixá tem grande prestígio e força popular, além de um grande número de filhos.
O mito do caçador explica sua rápida aceitação no Brasil, pois identifica-se com diversos conceitos dos índios brasileiros sobre a mata ser região tipicamente povoada por espíritos mortos, conceitos igualmente arraigados na Umbanda popular e nos Candomblés de Caboclo, um sincretismo entre ritos africanos e os dos índios brasileiros, comuns no Norte do País. Talvez seja por isso que, mesmo em cultos um pouco mais próximos dos ritos tradicionalistas africanos, alguns filhos de Oxóssi o identifiquem não como um negro, como manda a tradição, mas como um Índio.


Saudação: Okê Arô
Significado: Dê seu brado, Majestade!
Expressão Corporal: punhos cruzados com o dedo indicador estendido, mãos na altura da cintura
Data: 20 de janeiro
Cor: verde, azul escuro
Pontos de força: matas e bosques
Elemento: Vegetal
Sentido Divino: Conhecimento
Polo magnético: Positivo/ Masculino
Fatores Principais: Expansor, buscador.
Atribuição: Irradiar a todos os seres o sentido do saber, do conhecimento.
Ferramentas: arco e flecha (ofá), penas e eruxim (rabo de boi)
Símbolos: arco e flecha, penas, 7 flechas.
Pedras: quartzo verde, esmeralda, jade, amazonita, turquesa, calcita verde.
Planeta: Mercúrio
Número: 5
Ervas: Todas ervas em geral são de Oxóssi, especificamente podemos citar guiné, picão preto, buchinha do norte, cânfora, espinheira santa, jurema preta casca, comigo ninguém pode, vence-tudo abacateiro, Abre Caminho, Alecrim do Norte, Alecrim Comum, Alfavaca, Aquiléia, Arnica do Mato, Chá Verde, Café Folha, Cana do Brejo, Capim Cidreira, Carqueja Amarga, Cipó Caboclo, Cipó Cravo, Cipó São João, Confrey, Hortelã, Ipê Roxo, Jurubeba Mista, Louro, Manga Folha, Manjericão, Samambaia, Sene, ...
Flores: flores nativas (do campo)
Frutas: coco, cana de açúcar, abacaxi, laranja, limão, camboatá, caju, acerola, sapucaia, cacau, mangaba, butiá, nêspera, frutinhas de mato (abiu, bacaba, bacuri, murici, pequi, etc)
Bebidas: mate (chá) com mel, cerveja branca, vinho branco ou tinto doce, batida de mel, licor de caju, garapas, licores de frutas em geral.
Oração:
Que Oxóssi com sua flecha sagrada me ensine o verdadeiro caminho da prosperidade. Ajudando no sustento da minha fé, a fim de que possa cumprir com as minhas obrigações e meus deveres neste mundo
Okê Arô!

Características dos filhos de Oxóssi:
Rápidos (as), joviais e muito espertos (as), mental e fisicamente. Embora a mudança seja algo que estes Filhos e Filhas lidem muito bem, possuem grande capacidade de concentração.
Sensibilidade artística, criatividade e a busca por novidades em muitos campos da vida são também características marcantes.
Independentes, não apreciam muito os trabalhos em equipe. Mas têm grande senso de dever e de responsabilidade.
Oxóssi representa a pureza das matas. Seus filhos são honestos, desinteressados, altruístas e espontâneos.
Sua principal característica é a honestidade:  nunca esperam recompensa daquilo que fazem espontaneamente.
Os filhos de Oxóssi têm grande inconveniente: são inconstantes, não-persistentes, seja qual for o motivo. Com muita frequência, após lutarem por um ideal, ás vezes, ás vésperas de consegui-lo, desistem para uma nova ideia. Geralmente reúnem qualidades que são muitos importantes. Se alguém está doente eles são aqueles que visitam várias vezes a pessoa para ver como está passando, interessam-se pelo bem-estar dos outros, sempre com muita atenção.
Dão-se muito bem com pessoas de qualquer faixa de idade. Sentem-se mais à vontade em ambientes mais descontraídos, não gostam de andar muito presos em roupas sociais, não se sentem bem em cerimônias muito formais.
São dados a uma vida muito singela; não são afeitos a luxo e têm verdadeira repulsão a tudo o que chama atenção. Adoram andar, gostam do ar livre, não gostam de ficar em ambientes fechados ou escuros. São muito complacentes com a aquisição de bens materiais, sendo muito desligados de tudo aquilo que se refira à pompa.
O filho de Oxóssi costuma mudar de atividade com relativa facilidade, mas há possibilidade de lançar raízes em algum campo de negócio. São tão profundos e seguros que jamais mudam.
O chefe de família filho de Oxóssi é um tanto desligado do lar; não que ele não se interesse pelos problemas familiares, mas prefere ser servido que servir.
A mulher filha de Oxóssi tende a não ser uma boa dona de casa. Gosta das coisas bem-feitas, mas não de fazer, gosta das coisas em ordem, mas prefere mandar que outros façam.

LENDAS DE OXÓSSI
Oxóssi aprende com Ogun a arte da caça.
Oxóssi é irmão de Ogun. Ogun tem pelo irmão um afeto especial. Num dia em que voltava da batalha, Ogun encontrou o irmão temeroso e sem reação, cercado de inimigos que já tinham destruído quase toda a aldeia e que estavam prestes a atingir sua família e tomar suas terras. Ogun vinha cansado de outra guerra, mas ficou irado e sedento de vingança. Procurou dentro de si mais forças para continuar lutando e partiu na direção dos inimigos. Com sua espada de ferro pelejou até o amanhecer.
Quando por fim venceu os invasores, sentou-se com o irmão e o tranquilizou com sua proteção. Sempre que houvesse necessidade ele iria até seu encontro para auxiliá-lo. Ogun então ensinou Oxóssi a caçar, a abrir caminhos pela floresta e matas cerradas. Oxóssi aprendeu com o irmão a nobre arte da caça, sem a qual a vida é muito mais difícil. Ogun ensinou Oxóssi a defender-se por si próprio e ensinou Oxóssi a cuidar da sua gente. Agora Ogun podia voltar tranquilo para a guerra. Ogun fez de Oxóssi o provedor.
Oxóssi é o irmão de Ogun.
Ogun é o grande guerreiro.
Oxóssi é o grande caçador

         Oxóssi mata o grande pássaro.
         Em tempos distantes, Odùdùwa, Rei de Ifé, diante do seu Palácio Real, chefiava o seu povo na festa da colheita dos inhames. Naquele ano a colheita havia sido farta, e todos em homenagem, deram uma grande festa comemorando o acontecido, comendo inhame e bebendo vinho de palma em grande fartura. De repente, um grande pássaro, pousou sobre o Palácio, lançando os seus gritos malignos, e lançando farpas de fogo, com intenção de destruir tudo que por ali existia, pelo fato de não terem oferecido uma parte da colheita as feiticeiras Ìyamì Òsóróngà. Todos se encheram de pavor, prevendo desgraças e catástrofes. O Rei então mandou buscar Osotadotá, o caçador das 50 flechas, em Ilarê, que, arrogante e cheio de si, errou todas as suas investidas, desperdiçando suas 50 flechas. Chamou desta vez, das terras de Moré, Osotogi, com suas 40 flechas. Embriagado, o guerreiro também desperdiçou todas suas investidas contra o grande pássaro. Ainda foi, convidado para grande façanha de matar o pássaro, das distantes terras de Idô, Osotogum, o guardião das 20 flechas. Fanfarrão, apesar da sua grande fama e destreza, atirou em vão 20 flechas, contra o pássaro encantado e nada aconteceu. Por fim, todos já sem esperança, resolveram convocar da cidade de Ireman, Òsotokànsosó, caçador de apenas uma flecha. Sua mãe, sabia que as èlèye viviam em cólera, e nada poderia ser feito para apaziguar sua fúria a não ser uma oferenda, uma vez que três dos melhores caçadores falharam em suas tentativas. Ela foi consultar Ifá para Òsotokànsosó. Os Babalaôs disseram para ela preparar oferendas com ekùjébú (grão muito duro), também um frango òpìpì (frango com as plumas crespas), èkó (massa de milho envolta em folhas de bananeira), seis kauris (búzios). A mãe de Òsotokànsosó fez então assim, pediram ainda que, oferecesse colocando sobre o peito de um pássaro sacrificado em intenção e que oferecesse em uma estrada, e durante a oferenda recitasse o seguinte: "Que o peito da ave receba esta oferenda". Neste exato momento, o seu filho disparava sua única flecha em direção ao pássaro, esse abriu sua guarda recebendo a oferenda ofertada pela mãe do caçador, recebendo também a flecha certeira e mortal de Òsotokànsosó. Todos após tal ato, começaram a dançar e gritar de alegria: "Oxossi! Oxossi!" (caçador do povo). A partir desse dia todos conheceram o maior guerreiro de todas as terras, foi referenciado com honras e carrega seu título até hoje. OXÓSSI.

       BIBLIOGRAFIA:


  • Orixás na Umbanda - Alexandre Cumino.
  • Tratado de Umbanda - Rubens Saraceni
  • Teologia de Umbanda, módulo de teogonia - UmbandaEAD

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